Como estudar sozinho com alguma eficiência

Estudar sozinho continua sendo uma boa alternativa para muita gente, ainda mais nos dias atuais, quando as redes comunicativas cada vez mais oferecem suportes para essa modalidade.

Embora reconheça os benefícios que os estudos em grupo ou em escolas preparatórias oferecem (já tratamos aqui sobre isso), nunca me opus à ideia de estudar sozinho. Por dois motivos básicos: o primeiro é que, desde que me tenho por concurseiro, nunca tive muitos exemplos (na família ou de colegas) de gente que tinha os mesmos objetivos que eu. Ou seja, como não tinha referenciais muito próximos, sempre busquei criar os meus, ainda que não fossem os melhores ou os mais bem sucedidos. Segundo, porque quando falo em estudar "sozinho", isso nunca pode ser entendido literalmente ("ao pé da letra"), pois mesmo nessa modalidade, mais cedo ou antes que seja tarde o estudante tende a buscar algum tipo de ajuda, especialmente hoje em dia, com todo o aparato tecnológico para comunicação, aprendizagem e informação de que dispomos. Assim, você pode até estudar sozinho, em sua casa ou na biblioteca ou onde ache melhor, sem a companhia física de alguém para interagir, mas nunca vai estar sozinho de fato, pois tem à disposição os fóruns, os cursos virtuais, as questões comentadas, os artigos de referência, aquele seu livro em CD-Rom ou pdf, aquela sua obra de referência, enfim.

Considerando tudo o que disse antes, digo que continuo estudando muito tempo sozinho, embora, no momento, mais para formação profissional do que para um concurso em particular. Mas a tônica da discussão continua sendo a mesma: prossigo fazendo uso dos mesmos artifícios de ajuda que utilizava antes, uns mais intensamente, outro menos, dependendo da necessidade.

Concurseiros solitários

Essa história de estudar solitariamente vai longe, pois cada um vai ter histórias de fracasso para contar, sempre entremeadas por casos de sucesso, como em tudo na vida (perdas e ganhos). Em 2007, por exemplo, um homem começou a estudar solitariamente para concursos e sentiu as mesmas dificuldades com as quais certamente você pode estar se deparando hoje, caso tenha decidido enfrentar a batalha pelas aprovações diversas. Estamos falando do Charles Dias, hoje também servidor público federal, que nessa mesma época decidiu compartilhar todas as experiências na internet, criando um blog hoje bastante conhecido: o blog do "Concurseiro Solitário".

Ele nos conta que quando tomou a decisão de estudar sério para concursos públicos, abandonou tudo e voltou para a casa dos pais no interior de Minas Gerais. Lá, mergulhou de cabeça nos estudos e como não conhecia mais muita gente com os mesmos objetivos se sentia, de fato, "como um concurseiro solitário numa ilha de estudos cercada por um mar de desconhecidos e desinteressados pelo que fazia". A gente poderia pensar: é, nesse ambiente, o melhor a fazer é desistir dessa coisa de estudar e pronto, seguir outro rumo. Mas aconteceu o contrário: ele diz que isso "foi ótimo" pois pôde estudar tranquilamente sem ter de ficar se justificando por ter deixado a vida social de lado.

O método P2D

Charles tem uma "teoria" a respeito de como é possível se dar bem nos concursos públicos, ainda que isso venha a demorar mais do que o imaginado (pois sabemos que estudamos até passar, e não para passar). Ele diz que aquele concurseiro que adota o "método P2D" com toda força conseguirá sim sem bem sucedido. Explica: P2D significa nada mais do que a conhecida - e nem sempre posta em prática - tríade: Planejamento de estudos, Disciplina de estudos e Determinação para estudar, portanto, um "P" e dois "D"s. "Sem isso não há como passar em bons concursos públicos", completa Dias.

Os cursos preparatórios - nem sempre são infalíveis

Sobre a necessidade de cursos e mais cursos preparatórios, depende muito de cada caso. Não acredito, por exemplo, que se matricular em uma escola seja condição sine qua non para obtermos uma classificação satisfatória, porque se assim o fosse muita gente matriculada teria se dado bem melhor em diversos certames, em comparação com as classificações - até boas - de tanta gente que se esforçou sozinha. Charles Dias tem uma opinião similar: ele acredita que fazer um cursinho para passar em concursos públicos não é necessariamente uma obrigação. "Se a pessoa estuda sozinha com o P2D pelo tempo necessário, com o material adequado e as técnicas de estudo eficientes, passar é apenas uma consequência", afirma.

As apostilas - cuidado!

Na maratona dos estudos solitários, vale encerrar lembrando que o concurseiro pode - e deve - se apoiar nas famosas apostilas, porém com bastante cuidado. Afinal de contas, ninguém precisa ser um mestre em gramática ou em Direito para perceber, por exemplo, que muitos desses materiais apresentam erros grotescos de edição e de conteúdo. O concurseiro pode buscar informações sobre editoras já consolidadas no mercado, aquelas que têm primado por publicar um conteúdo de melhor qualidade e desconfiar, algumas vezes, de certas promoções muito atípicas. "A grande maioria [das apostilas, além de apresentarem um conteúdo] superficial, [também está] desatualizada, com erros graves e, principalmente, preparadas sem cuidado. Para quem estuda sério mesmo para concursos públicos, é um material que deve ser evitado", conclui o nosso concurseiro solitário.

Por Alberto Vicente (alberto@concursosnobrasil.com.br)

Reportagem: Michelle Oliveira

Agradecimento: Charles Dias

Compartilhe

Comentários

Mais Dicas para Concursos