O concurseiro na encruzilhada

Como lidar com a concorrência nos concursos públicos? Ela estimula ou amedronta?

Durante o percurso de preparação para determinados concursos é mais ou menos inevitável não ponderarmos nossa situação em meio aos demais participantes (concorrentes). Isso vale em dobro quando se está em jogo aprovação para concursos de âmbito nacional e bastante disputados. Muitas vezes o concurseiro se vê numa relativa encruzilhada (dilema): a concorrência está tão alta, será que tenho mesmo chances? Será que o correto é mesmo não olhar para os lados e seguir em frente, independente da concorrência?

O fato é que a concorrência existe em qualquer setor, privado ou público, se bem que a busca por estabilidade e ótimos salários tem impulsionado muitas pessoas, já com certa carreira na iniciativa privada, a adentrarem o universo dos concursos públicos. Trata-se de uma maneira que as pessoas têm encontrado para afastar-se o quanto puderem do "fantasma" da demissão (repare que é um fantasma diferente: assusta, mas é visível). Então, a solução é encarar a concorrência, mais cedo ou mais tarde. Como fazer isso?

Se para alguns, a concorrência ainda é tida como um obstáculo, para outros, ela é um estímulo que as leva a superar as dificuldades e limites. Neste último grupo se insere o técnico em segurança do trabalho - e estudante - Wilson Suzarte, que tem 55 anos. Ele decidiu entrar para o funcionalismo público, começando a batalha por um dos seus fronts mais disputados: participou do concurso da Caixa de 2012. Ao tomar conhecimento de que a concorrência era, de fato, agressiva para a região de lotação que optou, se viu em um conflito, porém, conseguiu solucioná-lo em fração de segundos.

"Quando tive acesso à quantidade de concorrentes, pensei: acho que nem vou estudar. Mas logo em seguida vi que, assim como a reprovação era iminente para mim, também seria para estas mais de 71 mil pessoas inscritas na região de meu interesse. Então decidi estudar, encarar o desafio e ver nos concorrentes mais um estímulo para ser bem sucedido", contou Wilson.

Você pode perguntar: "e aí, esse cara passou ou não?" Bem, efetivamente, ele não passou nas provas da Caixa, que foram aplicadas em abril de 2012. No entanto, o técnico em segurança do trabalho aprendeu uma lição: não é a concorrência que o concurseiro deve temer.

"Hoje, até mesmo para os empregos que não pagam tão bem, é possível ver longas filas de pessoas portando seus currículos, disputando uma vaga". É o que afirma a psicóloga Patrícia Boaventura, acrescentando que, na verdade, o concurseiro deve entender como funcionam os seus próprios mecanismos de estímulo. Se ter informações sobre a concorrência o amedronta, melhor é que não obtenha estes dados. Contudo, se isto apenas lhe fornece entusiasmo, deve ver a grande concorrência como uma ferramenta para seguir em frente.

Quando fez a sua inscrição para o concurso para técnico previdenciário do INSS, em 2003, Shirley Oliveira não temeu as milhares de pessoas que estavam com ela em busca da vaga. "Comecei a estudar como se elas não existissem. Era como se apenas eu quisesse aquela vaga e apenas precisava provar para o órgão que eu tinha todas as condições necessárias para assumir o cargo". Com esta visão (de certa forma, empreendedora) Shirley foi aprovada para o posto do INSS em Itaberaba, na Bahia, uma conquista importante, haja vista o número total de inscritos naquele ano (mais de 400 mil inscritos). "Estudei muito, não dediquei tempo para mais nada e vi os concorrentes como o gás necessário para ter ainda mais disciplina e ser aprovada".   

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