Qual a melhor maneira de estudar para concursos?

Confira algumas das orientações do psicólogo Leonardo Luz, criador do site "Estuda Já", sobre como se preparar bem para enfrentar os concursos públicos.

Com o objetivo de incentivar os leitores a terem um novo olhar sobre o que representa o estudar, o psicólogo Leonardo Del Puppo Luz usa a sociologia, filosofia, psicologia e as observações do dia a dia para levar, através do site "Estuda Já", as novas concepções que o ato de Estudar têm ganhado na contemporaneidade. Com um conteúdo de qualidade e uma navegação fácil, o site procura divulgar discussões aprofundadas sobre transformar leitura em conhecimento, mas também dá dicas práticas sobre como ser aprovado em concursos públicos em geral. O site é o resultado de cinco anos de pesquisa de Del Puppo, que também desenvolveu uma dissertação, relacionando o tema "trabalho" a "estudos". Portanto, a intenção da página é auxiliar as pessoas que estão imersas no universo das seleções e dos "estudos focalizados", incentivando-as a fazerem a diferença nessa área.

O psicólogo concedeu uma entrevista ao portal Concursos no Brasil, na qual, entre outros assuntos (confira as outras matérias), falou sobre quais devem ser os primeiros passos para os concurseiros que hoje estão ávidos por uma aprovação. Leia a seguir:

"Primeiramente, os concurseiros devem acessar o site www.estudaja.com.br (rsrsrsr). Mas, efetivamente, um primeiro ponto é  indispensável: analisar os editais de concursos, a fim de localizar semelhanças do cargo público com a área de formação do concurseiro. Hoje, há uma tendência na criação de cargos mais específicos na Administração Pública. Esta precisa, assim como na iniciativa privada, de váriados níveis de conhecimento para fornecer qualidade aos administrados.

Por outro lado, em cargos genéricos como Técnico Administrativo e Analista Administrativo, está se buscando uma conexão entre as qualidades intelectuais-acadêmicas do aprovado e as funções que ele vai desempenhar nesses cargos. Tudo para buscar o aproveitamento máximo da mão de obra pública.

Bom lembar que somos pagos com dinheiro público. Um aproveitamento insatisfatório e insuficiente da mão de obra do servidor fere de morte princípios básicos do Direito Administrativo. Hoje no MPU, graças ao Planejamento Estratégico, a "flexibilização" das atribuições dos cargos está sendo repensada para que se aproveite bem o servidor. Isso alem de ajudar ao órgão com certeza também pode ser considerado motivador. Alem é claro de evitar a caracterização de "desvio de função". Mas estamos apenas no inicio desse processo de modernização.

Outra coisa fundamental e que muitos entendem, na minha opinião, de maneira errônea: praticar exercício físico regular, de preferência, diariamente. Se uma coisa que o nosso cérebro precisa é de oxigênio. O exercício físico auxilia sobremaneira, alem de aumentar significativamente o bem-estar físico. Sempre digo para meus pacientes que Exercício Físico (DENTRO DAS CONDIÇÕES DA PESSOA) é disciplina para concurseiro. Está na grade de estudos cotidianos, não podendo ser descredenciada ou subjugada como mais ou menos importante. Isso fica mais evidente para cargos como PRF e PF.

Em resumo, tenho certeza que a melhor forma de se preparar é selecionando as melhores estratégias alcançáveis e possíveis a pessoa que se decide em prestar concursos. Explicando: é comum as pessoas traçarem metas e objetivos as quais, em regra, não podem mensurar ou sequer dimensionar. É comum estabelecimento de metas com base em conversas paralelas do cotidiano e do sendo comum.

Diversas pessoas, ao se decidirem pelo mundo dos concursos, inventam formas e trajetórias, mas sequer têm noção do  funcionamento das mesmas; simplesmente inventam um jeito com base em sugestões, ideias e informações coletadas de outras pessoas ou de métodos teoricamente ditos corretos.

Quer ver uma dessas formas? É comum pessoas mensurarem as cargas horárias de estudo diário. Muitos afirmam, com base num suposto bom-senso inquestionável, que "aqueles que não estudam seis horas por dia durante um ano ou um ano e meio não estarão habilitados a pleitear uma vaga no serviço público"; outros quantificam valores em horas para aprovação: seis horas para técnico, oito para analista, dez para carreiras fiscais e doze para carreias da magistratura ou promotoria. Há uma variação dentro dessa escala, mas de maneira bem generalizante, as trocas são efetuadas dessa forma.

Portanto, tenho certeza que a melhor maneira da pessoa de se preparar para um concurso é duvidar, inicialmente, das diversas formas preconizadas como certas e corretas de preparação. É comum as pessoas afirmarem, tal como um dogma, que se praticarem "essa" ou "aquela" maneira de estudo e planejamento passará em um concurso. Isso é um absurdo. Esse tipo de pensamento, na minha humilde opinião, em nada potencializa os estudos. Tenho certeza que uma atitude mais firme e questionadora sobre tais caminhos vitoriosos da aprovação são as principais barreiras a serem demolidas. O aluno tem que se perguntar: em que isso me ajuda? Isso serve para mim? Será que devo basear meu planejamento de estudo desse modo?

As pessoas que prestam concursos, ou que simplesmente querem estudar, devem refazer suas perguntas, ou melhor, inventar novas perguntas para, desse modo, estabelecer um modo de preparação mais compatível com seus modos de vida, seu jeito de viver real e compatível com o seu dia a dia. Exemplos de questionamentos que normalmente não são feitos pelos alunos são:

Seis horas de estudo para quem? Para quê? De que forma? O que são seis horas de estudo? O que é estudar? É Estar sentado durante doze horas é estudo? O que significa estudar muito?

Essas perguntas breves são alguns exemplos para os quais, em princípio, já temos "soluções" exatas, prontas e pouco esclarecedoras, pois já possuem um modo de funcionamento determinado e afirmado pelas práticas que o bom senso insiste em regular.

Pois bem, somente exemplificando mais uma vez: uma pessoa casada, com três filhos, um emprego de oito horas diárias que fica a uma hora e meia de distância de sua casa, há anos sem estudar ou fazer cursos mais complexos, não terá o mesmo planejamento de outra que, nas mesmas condições, por exemplo, não tenha três filhos. O que quero dizer é que as realidades pessoais são infinitas e cercadas de uma pluralidade de ações pessoais radicalmente diferentes uma das outras.

Portanto, a frase: "tenho que estudar seis horas por dia" não se aplicará aleatoria e indiscriminadamente. No entanto, muitas vezes percebemos que existe uma insistência gritante em querer generalizá-la. Isso é triste, já que, muitas pessoas, intelectualmente fortes e capazes de aprovação em um concurso, são vencidas por frases como essa, pois teimam em fazer as coisas de um jeito que não serve para elas.

Assim, é comum pessoas com percursos de vida TOTALMENTE diferentes, em todos os sentidos, procurarem modos de estudo iguais. Em outras palavras, procuram percorrer os mesmos caminhos, como se estes fossem funcionar de forma idêntica. Muitos vão negar isso, todavia, é um fato que constatamos no dia a dia. Pessoas querem modelos fixos, mesmo que esses se mostrem incomparáveis aos seus modos de vida É quase automático perguntarmos a quem passou em um concurso: "Como vc fez? Quantas horas estudou?"

Da próxima vez que se preparar para um concurso, ou se já está se preparando, reflita sobre tudo isso.

Edição: Alberto Vicente. Colaboração: Michelle Oliveira

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