É possível estudar em casa para concursos?

Como tudo na vida, ser um concurseiro "autodidata" tem suas vantagens e desvantagens.

Até certo ponto, o entusiasmo de muitos candidatos matriculados em escolas preparatórias para concursos é bastante evidente, o que os faz cumprir aquela rotina com satisfação e perseverança. O problema é quando começam a vir as reprovações - perde-se uma, duas, três, quatro, cinco ou até mais vezes para determinado concurso - pois o concurseiro entra numa fase em que começa a perder o prazer de estar em sala de aula, disposto a recomeçar mais de uma vez...

Aliado a isso, outro dilema pode parecer mais preocupante: a falta de dinheiro. Aí o concurseiro pesa em sua balança se compensa aproveitar a gama de materiais e táticas de estudos reunida nos tempos de cursinho e avalia se dá para continuar se preparando em casa. Com essa atitude, é provável que vislumbre vantagens, como evitar os gastos com mensalidades e conviver com pessoas que, assim como ele, ainda não foram bem sucedidas no concurso-alvo.

O coordenador de unidades de ensino e especialista em concursos públicos, Gisvaldo Gomes de  Araújo Jr, afirma que, de fato, é uma sensação de derrota terrível, essa de estar há tempos em um lugar, estudando, e não obter o resultado esperado. No entanto, embora seja possível estudar em casa para concursos, isso vai exigir do candidato uma disciplina tão arraigada que vai chegar até mesmo a ser quase um esforço "sobre-humano".

Gisvaldo Gomes nos diz que quem se propõe a estudar em casa vai ter que estabelecer horas rígidas e intensas de estudo; ter um bom material de estudo e superar todas as suas dificuldades e dúvidas sozinho, já que não vai ter como contar com uma monitoria. "Seria absurdo dizer que é impossível, contudo, é muito complicado vencer tanta concorrência sem um bom suporte teórico e prático", aconselhou.

Como é muito raro as pessoas projetarem nas plantas de casas algum espaço para estudar, é importante que esse espaço seja providenciado no decorrer da vida do concurseiro. Dessa forma, escolha um local da casa onde que possa ser o seu recanto de concentração diária. Ele pode ser até mesmo em parte do seu quarto, onde caiba, pelo menos, uma mesa e uma cadeira confortável.

Outro detalhe importante que o especialista cita é que, em casa, o candidato fica totalmente fora do clima do concurso, algo importante para que a união de entusiasmos leve todos à conquista. "É muito mais empolgante estar reunido com pessoas que estão na mesma batalha do que enfrentar essa guerra em casa, sozinho, como autodidata, sem ter com quem compartilhar".

Mesmo que a grana esteja curta, vale à pena empreender um esforço maior e fazer um cursinho preparatório para concursos. Pode-se partir para aquele cuja mensalidade for mais em conta, mas lembre-se de conferir - ainda que por contatos pessoais - se a equipe de professores é de qualidade e o material de apoio atende às suas necessidades. Afinal, sabe-se que cursinho não é tão decisivo na aprovação de um concurso quanto a sua determinação, mas ninguém pode negar que ele é uma ferramenta importante nesta empreitada.

O outro lado da moeda: e quando o cursinho atrapalha?

Por um lado, fazer um cursinho presencial pode parecer vantajoso. Por outro, ele pode acabar se tornando dramático e até ser um empecilho na vida do candidato. Por isso, quando escolher um cursinho presencial, não leve em conta apenas a qualidade do centro educacional. Saiba avaliar aspectos como: o custo mensal, a proximidade ou distância de sua casa e o que andam falando dos professores (as redes sociais - Facebook e WhatsApp, por exemplo - são um bom ambiente para isso).

Veja o caso do concurso Riquelme Gomes, que decidiu fazer cursinho fora de casa, mesmo sabendo que existem boas opções online. Ele nos conta que estuda em cursinho preparatório e acorda às 4h30min, pois vem enfrentando, de segunda a sábado, uma bateria de aulas, que duram das 7h ate 12h30min. "Posso dizer uma coisa: se eu estivesse estudando em casa seria infinitamente mais produtivo. O cursinho muitas vezes me causa nervosismo, cansaço e sonolência", afirma Riquelme.

Para esse candidato, experiência com cursinho tem sido dramática, em grande parte porque ele optou por se matricular em uma escola que fica a duas horas de distância de sua casa. Além disso, ele conta que os professores, em vez de empolgá-lo, muitas vezes acabam é desmotivando-o. "Tenho professores que me deixam desmotivados e com medo, mais muito medo, coisa que eu acho desnecessário".

Gomes tomou uma decisão sábia: estudará no próximo ano em casa. "Já estou preparando o material e os horários. Minha escolha foi pelo fato de que eu descobrir em mim mesmo que o meu rendimento sozinho é maior. Tenho muita dificuldade em Matemática e passei a ver muitas aulas no YouTube e simplesmente estou conseguindo fazer coisas que no cursinho não conseguiria".

Mas atenção: antes de decidir por estudar sozinho, saiba que a disciplina pessoal será fundamental. Riquelme sabe bem disso. "Um dos principais dilemas  e vantagens de se estudar em casa e que você realmente se virá sozinho no exercício e isso é bom, porque no concurso você também estará sozinho, sem um professor do seu lado".

Por fim, as opções pela internet na área dos cursinhos estão bastante mais em conta, em relação aos cursos presenciais. "O país esta em crise e eu venho pagando R$ 800 por mês de cursinho, sem falar que pai ganha dois salários mínimos e meio. Então, galera, minha opinião é essa. Independentemente de qualquer que seja sua escolha, vá fundo e mantenha o foco nos estudos", conclui Riquelme.

Artigo de 05/10/2012, atualizado em dezembro de 2016

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