Concurseiro, não abra mão do planejamento!

Para traçar uma estratégia de estudos é necessário autoconhecimento e perseverança. Confira algumas dicas sobre como não perder o foco e a empolgação, até mesmo nos piores momentos.

É sempre importante falarmos sobre planejamento tático da preparação, que pode ter outro nome, a depender de quem o aborde: Willian Douglas o chama de "estratégia de estudos", outros consultores da área poderão chamar de "capacidade de organização pessoal dos estudos", ou "habilidade para organizar e compartimentalizar os conhecimentos a serem absorvidos", enfim.

Não irei definir o tema, nem esmiuçá-lo com detalhes, algo que está fartamente explanado pelos diversos meios e autores, mas o fato é que para traçarmos nosso planejamento tático é sempre bom ter o mínimo que seja de domínio sobre a nossa própria vida. Digo isto porque, afinal de contas, o nosso planejamento de estudos tem que se encaixar com eficiência em nosso jeito de ser e de encarar as batalhas da vida.

Por outras palavras, diria que para elaborar uma estratégia satisfatória de estudos - aquela que mais se aproxime dos resultados por nós almejados - precisamos efetivamente nos conhecer mesmo, isto é, ter a perspicácia de captar o nosso próprio "ritmo" de produtividade.

Tal raciocínio vale não somente para os concursos, mas para a nossa vida acadêmica/estundantil também e - indo além - vale para a nossa vida efetiva, em toda a sua integralidade. As nossas estratégias de aprendizagem vão conviver conosco até a morte (e até depois dela, dependendo da nossa crença espiritual/religiosa). Assim, seja para fazer um curso de idiomas ou seja para se preparar para um concurso qualquer, precisamos planejar.

Então, por que não começarmos logo a nos disciplinar para tal? É por isso que é muito bem vinda a possibilidade do jovem participar de concurso mesmo ainda não tendo 18 anos, como bem defendeu outro dia o consultor Paulo de Freitas, uma vez que necessitamos aprender cada vez mais cedo a planejar, inclusive estimulando os nossos filhos, por mais difícil que seja.

Planejar vai além de uma vontade pura e simples, porque se assim o fosse, todo mundo passaria com mais frequência em concursos públicos. Muita gente esboça apenas aquele desejo, mas que acaba não sendo tão intenso assim, ao ponto de o levar para as vias de fato, pois a pessoa permanece meio que estagnada.

Tenho um amigo que não vejo há alguns anos, mas lembro que sempre me falava da sua vontade de participar do concurso da Polícia Militar da Bahia. Da época em que tínhamos um relacionamento mais proximal até hoje, pelo menos dois concursos já foram abertos na PM e, até onde estive inteirado, ele ainda não atingiu o seu objetivo. Desde aquele tempo, notava algumas falhas na sua preparação. Encerrarei estas considerações com três delas e que as mesmas refresquem nossa memória, servindo-nos como exemplo.

Primeiro, ele precisava sair do universo do estudo aleatório. No tempo em que o conheci, meus anseios era passar em um concurso para o magistério e estava estudando as disciplinas cobradas nos editais de meu interesse mais focavam e com as quais sentia dificuldade (conseguia os editais com mais  do que hoje, pois internet para mim ainda era luxo).

Ele havia comprado uma daquelas "enciclopédias" que alguns vendedores comercializam de porta em porta e nas salas de aulas. O livro, uma brochura grossa e de capa brilhante, tinha "tudo" e prometia (isso no começo dos anos 2000) ser a última palavra em conteúdo, principalmente aqueles voltados para todo o Ensino Médio (preparação para vestibulares e alguns concursos).

Muitas vezes ele me pedia alguma ajuda em Redação e nunca me neguei, na medida da minha disponibilidade. Sugeria-lhe temas, corrigia seus textos, apontava em que devia mudar um pouco, especialmente na fuga do senso comum e das ideias prontas. Ele acatava prontamente e me dizia que ia tentar o concurso da PM.

O problema mesmo era que me incomodava esse seu estudar sem sequência, pegava o compendio nos domingos e sábados de folga, folheava à guisa de estar estudando, mas muitas vezes isso é uma grande ilusão. Ele precisaria corrigir isso. Como nunca mais o vi, precisarei checar como anda hoje a sua vida.

Segundo: ele não tomava nota de coisa alguma. Bastava o seu compêndio completo e algumas redações redigidas, mas no resto, sua vida parecia um caderno em branco, por vezes literalmente. Estudar sem tomar nota e principalmente, sem consultar essas notas, é um tanto arriscado.

É como se confiássemos demais em nossa memória, em nosso "taco", quando na verdade aí é que mora o perigo. Hoje há melhores maneiras de fazermos registros (gravando no celular, fazendo um vídeo, tomando notas no computador, enfim), mas a lógica do processo continua a mesma: serve tudo para contribuir com a nossa aprendizagem.

Em terceiro e último lugar, parecia que falava mais alto a garantia de um emprego privado e os "bicos" paralelos que fazia, deixando em terceiro plano um tempo metódico para realizar disciplinarmente uma preparação, ainda que autodidática.

Aquele amigo não aparentava jamais dedicar algumas horas por dia a uma causa. Sua preparação era mais ao sabor das conveniências do cansaço da faina diária. Isto, se por um lado é um dos grandes perigos de se estudar sozinho, por outro (e nas horas decisivas), será o grande pivô de uma crise de derrota.

Se bem que acredite que derrota não seja coisa de concurseiro, precisamos cada vez mais nos prepararmos para as riquezas dos detalhes do aprendizado proporcionado por uma reprovação.

Por ora, é o que temos a dizer. Um abraço e sucesso nos certames!

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