Estudos e depressão: uma relação perigosa

Algumas orientações para se enfrentar os problemas causados pela depressão em pessoas que estão se preparando para concursos

Quando se fala em depressão, primeiro é preciso relembrar algo sempre explicado por muitos psicólogos: depressão vai muito além de dias com tristeza e pessimismo. A depressão, em linhas gerais, é quando estes dias "nublados" e muitas vezes com tempestades se alongam muito, levando uma pessoa a ser designada como depressiva e a sofrer com sintomas terríveis, tais como a perda da autoestima, insônia, falta de apetite, desânimo para tocar projetos, agitação e lentidão no raciocínio.

Parece muito simples de ser explicado, mas com certeza só mesmo um depressivo pode compreender o terror que significam tais "dias maus" acompanhados de maus sentimentos, algo que para muita gente desavisada é encarado até como "frescura" ou "falta do que fazer". O fato é que quem sofre de depressão vê as horas do seu dia se passarem de maneira improdutiva, como se todos os seus sonhos estivessem sendo jogado no campo das impossibilidades e da escuridão.

Mas o que isso tudo tem a ver com os concurseiros?

Muitos concurseiros podem estar se preparando neste exato momento, conscientes de que sofrem desse mal do século. Os especialistas concordam que aquelas pessoas ansiosas, ou mesmo as que criam grandes expectativas em torno de algum projeto - como uma aprovação em vestibular ou concurso disputado - estão mesmo propensas a sofrer de depressão, um estado inevitavelmente piorado quando vem o fracasso.

Os especialistas, de fato, também concordam que a situação piora quando há toda uma cobrança, vinda de pessoas que nos amam e nos querem bem, por acharem que determinadas conquistas são essenciais para a nossa felicidade. Afinal de contas, diante de uma derrota, fica uma sensação patente de fracasso e infelicidade. Uma das soluções para isso, como sabemos, é não tentar viver apenas focado nessas metas grandiosas e deixar espaço na agenda para realizar atividades que "compensem", tais como o lazer (assistir a um bom filme, apreciar uma boa gastronomia, namorar, estar em companhia de amigos e boas leituras de fruição, etc).

Imagina-se que concurseiros são pessoas que querem a estabilidade profissional com muito afinco, no entanto, muitos especialistas também afirmam que é o excesso da busca constante de estabilidade, do "sempre pensar no amanhã", que tem contribuído para o desenvolvimento de patologias como a síndrome do pânico - uma das faces da depressão. De acordo com a psicóloga Patrícia Boaventura, o concurseiro precisa se encarregar de trazer mais leveza para a sua vida, não vendo o futuro como um poço de problemas em que um bom salário irá resolver. "Quem quer fazer um concurso público deve sim ter responsabilidades com o futuro, mas não esquecendo de que o hoje tanto pode ser para estudos quanto para momentos de distração. A vida deve ser um equilíbrio", aconselhou.

Para concurseiros e vestibulandos depressivos, que já não dormem bem, nem se alimentam direito, que vivem entre a esperança de estudar e o pessimismo de ser reprovado, a psicóloga aconselha que o ideal é realizar um tratamento que envolva orientações da psicologia e da psiquiatria. Enquanto uma área trata o problema de forma terapêutica, a outra vai prescrever os medicamentos corretos para a manutenção do bem-estar do organismo.

Reportagem: Michelle de Oliveira

Edição: Alberto Vicente

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