Funcionário público deve fazer a diferença

Em princípio, funcionários públicos devem ser bons gestores e não podem perder de vista que geralmente irão lidar com pessoas.

A imagem que muita gente ainda tem do funcionalismo público é aquela mesma, da burocracia clássica, muito lembrada no senso comum: a visão de uma repartição, com papéis entulhados, os famigerados carimbos ali ou acolá, os processos aguardando análises para enfim serem dados os devidos encaminhamentos, etc, etc. Ou seja, é a visão pessimista do "funcionário com carimbo na mão" agilizando as coisas, na medida do possível, levando-se em conta que o "possível" na administração pública nem sempre significa o rápido, ou sequer o menos demorado...

Burocracia é algo bom ou ruim?

Com a tecnologia/digitalização dos processos e das rotinas administrativas predominando em todos os espaços e com o lento, mas já real, projeto do Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRE), proposto em 1995 pelo governo FHC, o funcionário público deve ser agora, mais do que nunca, um bom gestor. Hoje, o cidadão está mais bem informado sobre seus direitos, ciente inclusive de que tem direito a serviços públicos cada vez menos emperrados e mais rápidos.  Por outro lado, "ter serviços menos emperrados e mais rápidos" não quer dizer ausência de burocracia. Afinal, da mesma forma como as pessoas, de certa forma, alimentam aquela visão de funcionalismo, também alimentam a visão de que burocracia está sempre ligada a algo negativo (como se ela fosse uma vilã responsável, por exemplo, pela lentidão nos processos). Não há nada de errado no funcionário público ser um burocrata, desde que seja um burocrata eficiente, sabedor do seu papel, porque afinal de contas, a burocracia, diferentemente do que se pensa, é salutar, pois indica um estágio avançado de organização administrativa, com bases históricas bastante consolidadas.

Funcionário público - boa gestão e integração às mudanças

O concurseiro que se propõe a seguir a carreira no serviço público deve ter em mente, desde que começa a estudar para as avaliações, que precisa ter uma nova mentalidade, a ponto de ser um bom gestor da sua própria trajetória no trabalho. Especializações em determinadas áreas do conhecimento, compreender um pouco do funcionamento da máquina pública e ter vontade de servir, são apenas alguns dos pontos de um bom gestor. O vendedor Leonardo Sampaio, aprovado em novembro de 2012, no concurso da Caixa Econômica, ainda aguarda informação sobre a agência onde vai trabalhar. No entanto, já sabe que, independente do local, deve estar a par de todas as tecnologias que agora integram o dia-a-dia de uma agência bancária, além de ter conhecimento de que todo este aparato é para ser usado a favor do cidadão. "Muitas pessoas acham desnecessária a prova de títulos, mas, embora a avaliação da Caixa não tenha solicitado, vejo como um ponto a mais para analisar se este aprovado vai ser um bom gestor na carreira pública, um servidor integrado com as mudanças e disposto a se reciclar", falou Leonardo.

Assim, é importante que o funcionário público, antes de tudo, seja mesmo um bom gestor, capaz de transformar todos os seus estudos em resultados e produtividade. De nada adianta assimilar temas apenas para se marcar, na hora da prova, um "x" na opção correta. É preciso levar em conta os resultados que uma boa formação possa proporcionar no cotidiano daquele servidor, dentro do órgão escolhido para trabalhar. O objetivo final é fazer com que os funcionários entendam que precisam servir como gestores, vendo as suas tarefas como um todo e sempre a serviço do cidadão.

Entre as novas tecnologias e a pessoa humana

Sobre o uso das tecnologias, o também servidor público Alberto Vicente nos lembra que elas são sempre bem vindas. "No entanto, a gente não pode entender as inovações tecnológicas na administração pública como se fossem 'agentes desburocratizantes'. Por exemplo, quando um órgão público me permite consultar um processo de meu interesse pela internet, o fato daquele ato que tornar-se tão simples não significa que o serviço foi desburocratizado, mas que apenas foi modificada (para melhor, sem dúvidas) a forma burocrática de realizá-lo. Assim, o concurseiro que consegue passar para o outro lado (o do funcionalismo) precisa sempre entender que é ele - o funcionário público - a tecnologia mais importante ali: ou seja, cada vez que ele demonstrar fazer a diferença no seu setor, por exemplo, ajudando mais ao público, sabendo tratá-lo como merece e demonstrando sempre disponibilidade para o relacionamento com a clientela, ele está cumprindo o seu papel de ser um burocrata cada vez mais eficiente, o gestor competente que todo cidadão espera encontrar no órgão onde vai, muitas vezes mal humorado e por obrigação."

Que a empolgação dos novos não acabe no primeiro estresse

"Um funcionário público gestor faz o melhor no seu individual pensando no bem do coletivo", completou o concurseiro Leonardo Sampaio. De fato, o lado individual no funcionalismo sempre precisa estar ligado ao coletivo, pois sabemos que uma das principais tarefas dos servidores é lidar com pessoas, todos os dias, seja pessoalmente, seja por telefone, por email, por cartas, por ofícios, enfim. Leonardo, como vimos, está prestes a ingressar na carreira como servidor da Caixa (todos temos uma noção do ambiente bancário, não temos?) e está cheio de entusiasmo. Resta-nos torcer para que toda a empolgação dos novos e futuros funcionários públicos, como Leonardo, não desmorone frente aos primeiros obstáculos. Sim, porque esses entraves virão e não serão poucos, mas será justamente o momento de dar a volta por cima e demonstrar que somos capazes de tornar, pelo menos em parte, tudo novo!

alberto@concursosnobrasil.com.br

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