O valor da paciência e dos bastidores na preparação para concursos

O magistrado federal e autor d' O Livro do Concurso Público, Fabrício Bittencourt da Cruz, explica-nos como os bastidores e a visão de longo prazo podem fazer toda a diferença na vida dos concurseiros.

É bastante simplório apontar apenas "um" caminho a ser trilhado por aqueles que desejam vencer algumas das "etapas" da maratona dos concursos públicos. Independente de quais sejam esses caminhos, o fato é que eles não se resumirão a apenas estudar, haja vista que uma preparação exige muito mais do que o puro exercício da nossa capacidade cognitiva. Para o hoje magistrado federal e professor universitário, Fabrício Bittencourt da Cruz, durante a preparação para os concursos é extremamente importante não nos iludirmos com as vitórias imediatas e termos sempre a consciência de que os bastidores podem fazer toda a diferença.

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Fabrício Bittencourt da Cruz

Bittencourt afirma isto com conhecimento de causa. Ao longo de 15 anos dedicados aos concursos públicos, submeteu-se a diversas espécies de testes seletivos, período em que logrou aprovações para os cargos de Técnico da Justiça Federal, Técnico da Justiça do Trabalho, Assessor do Ministério Público Federal, Analista da Justiça Federal, Delegado de Polícia Federal, Promotor de Justiça no Estado do Paraná, Juiz Federal Substituto da 4.ª Região e para Professor do Departamento de Direito de Estado da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Desde 2006 o magistrado vem transmitindo todo o conhecimento adquirido, tanto por meio de palestras e pelo ensino, quanto pela produção de literaturas voltadas para aqueles que se predispõem “a encarar o desafiador ramo dos concursos públicos”. É de sua autoria a obra O LIVRO DO CONCURSO PÚBLICO, um livro motivacional, mas bastante peculiar em relação ao que existe hoje no mercado, fruto das aprendizagens do juiz, ao “acompanhar a evolução de amigos, alunos e até conhecidos ocasionais em suas preparações para concursos, não somente aconselhando-os, mas também aprendendo com todos eles”.

A experiência do magistrado indica que não adianta o concurseiro cultivar em si a ambição de obter vitórias imediatas, por mais que exista hoje todo um discurso calcado no “tudo posso e para agora". “Pertencemos a gerações imediatistas. As coisas ocorrem em velocidade não vivenciada por quem nos antecedeu. Acontece que imediatismo não combina com preparação para concursos públicos. O imediatismo agrega-nos força propulsora no começo dos estudos, afinal o objetivo é logo ali... A grande realidade consiste numa singela constatação: não existe algo fácil no mundo competitivo. Sempre haverá alguém com muita garra para buscar os mesmos objetivos no âmbito dos concursos públicos”.

É justamente na desconstrução/desmistificação dessa cultura do imediatismo que atua o que Bittencourt chama de “trabalho dos bastidores”: “histórias de sucesso estão repletas de intenso trabalho, dedicação acima da média, clara abstenção, incomparável disciplina, inabalável confiança, coragem, vontade de vencer, metas e objetivos bem definidos, crença em algo Maior, pensamento extremamente positivo, apoio e suporte familiar, superação de impensáveis obstáculos.”

Uma boa dica para compreendermos um pouco mais sobre a dinâmica entre imediatismo e trabalho de bastidores, de acordo com Bittencourt, é a leitura de biografias. Nelas, podemos perceber que, “salvo raras exceções, receitas de sucesso são compostas por diversos ingredientes e que grandes metas não são alcançadas com facilidade. Dissabores são constantes, mas quem cruza a linha de chegada é porque aprendeu e evoluiu com tais dissabores, tendo sido capaz de descobrir novos temperos, reequilibrando e harmonizando a receita rumo a seu objetivo. Agregue-se a tudo isso imprevistas decepções, paciência para recomeçar quando necessário, sorte, tempo, difíceis opções”.

Quando algum concurseiro desponta nos noticiários, geralmente, é por causa de uma aprovação cobiçada, mas pouca gente realmente acompanha ou se interessa em saber quão foi árduo o percurso do vitorioso. “O grande público tem ciência somente dos resultados. Nos bastidores a companhia é familiar e de amigos próximos. Somente quem está junto testemunha o caminhar rumo ao sucesso. Por isso é normal, ao sabermos de histórias vencedoras, desejarmos resultados semelhantes sem ponderar se estamos realmente dispostos a encarar opções, dificuldades e obstáculos similares”, lembra o magistrado.

Assim, é perfeitamente compreensível o fato de que por trás de um currículo invejável tem sempre uma história permeada por outros tantos dissabores (leia-se: reprovações). O autor d’O LIVRO DO CONCURSO PÚBLICO ratifica que “o sucesso final de um concurseiro pode ter demandado várias e várias reprovações” – e isto é algo absolutamente comum.

Sabemos, entretanto, que nem sempre é amistosa a relação que acaba se estabelecendo entre o concurseiro e o seu “currículo” de reprovações. Em muitos casos, prevalece o desânimo, a constatação de que “não se nasceu para isso”, a falta de motivação, os traumas ocasionais por conta de uma seleção quase ganha, enfim. O professor Fabrício Bittencourt destaca que, embora saibamos que esse embate geralmente acontece na vida de muitos candidatos, torna-se necessário não compactuar com tais sentimentos. “Faz a diferença quem se levanta, ergue a cabeça e continua sua jornada, ainda que encontre pedras no caminho, ainda que demore mais de um ano, dois, três...”.

Edição: Alberto Vicente

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