Quando a redação se torna o obstáculo

Professores e estudantes têm consciência de que existem problemas gramaticais sérios nos textos produzidos em provas de concursos, mas como enfrentá-los?

Não seria nenhum exagero afirmar que boa parte das pessoas que fazem concursos - principalmente as que terminaram o Ensino Médio há pouco tempo - está com sérias dificuldades em aplicar a gramática na sua redação. Prova disso é que, como geralmente redação é etapa eliminatória, acaba sendo o motivo de se fecharem muitas portas para os candidatos.

Professores de cursinhos preparatórios dizem que está cada vez mais comum encontrar nas produções textuais dos concurseiros palavras corriqueiras escritas de maneira equivocada. A diretora de um cursinho preparatório na Bahia, Oilza Mendes, afirma que adotou como prática cotidiana o reforço nas aulas de redação. No entanto, quando se propões a corrigir os textos produzidos, o que geralmente percebe é uma total falta de domínio da língua portuguesa, no tocante aos aspectos gramaticais.

O professor de outro curso no estado, João Ricardo Marques Melo disse que já corrigiu muitas provas de redação, aplicadas pelo próprio cursinho como teste, se deparando com erros graves como "voçê", "proficional", "anciedade", "estraordinário", "estremamante", "confuzão", "retenssão". É evidente que tais falhas, quando encontradas em prova "oficiais" de redação devem ser consideradas punitivas. "As pessoas estão com um déficit de leitura, o que implica nestes casos que são verdadeiros vexames", criticou.

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O professor salienta também que o problema não é apenas encontrado entre candidatos com nível Médio, mas também em gente já possui até nível superior. Ele lembra o caso da redação de um aluno seu - engenheiro de formação - que estava estudando para um concurso concorrido: havia escrito "lhe dar", mas ao ler o contexto da oração percebeu claramente que o engenheiro não entendia a diferença entre o verbo "lidar" e a expressão "lhe dar".

Conjugação verbal e nominal erradas e falta de conhecimento da grafia normativa de algumas palavras, são os principais fatores que têm levado muitos concurseiros a escreverem textos medíocres em avaliações tão importantes como a de um concurso público. Oilza Mendes e João Ricardo possuem opiniões similares quanto a estas deficiências linguísticas e enfatizam que o ponto chave e a leitura ou, mais precisamente, a falta dela. Muitos concurseiros têm tripla jornada de trabalho e por isso não tem tempo para ler, mas têm também aqueles que ficam tão focados em assimilar os outros conteúdos a ponto de esquecerem a redação. "Eles precisam entender que leitura e treino são essenciais para uma boa redação e como a concorrência é grande, se faz necessário que saiam bem em tudo", aconselhou Oilza.

Os especialistas também concordam que não há mistérios para se fazer uma boa redação, mas é necessário força de vontade, para não se abater com os erros e as correções aparentemente castradoras. Para o professor Alberto Vicente (que também é articulista/editor do Concursos no Brasil), um bom começo, por exemplo, é a leitura daqueles textos considerados mais atrativos pela maioria das pessoas. "O concurseiro tem que começar a ler jornais (mesmo não sendo do dia), revistas e algumas obras literárias tidas como  best sellers. A outra dica é desenvolvermos o hábito de sempre pesquisar palavras desconhecidas, ou pelo menos anotá-las para um consulta futura. Lembro que durante o meu ensino médio cheguei a ler algumas obras literárias tomando nota em um rascunho das palavras que eu não conhecida, e até registrava a página, para depois de consultar voltar a ler o trecho. Isso me ajudou muito e me ajuda até hoje, porque leitura e escrita não são apenas para concursos, mas para a vida."

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