Quantidade e qualidade no funcionalismo público

Os órgãos públicos querem pessoas que saibam um pouco de cada assunto ou servidores que tenham muito conhecimento em algumas área específica?

Analisando um pouco o estilo de algumas provas aplicadas em concursos passados, um questionamento é possível ser levantado: afinal, os órgãos públicos querem pessoas que saibam um pouco de cada assunto ou servidores que tenham muito conhecimento em algumas áreas específicas? Claro que isso também é relativo, pois vai depender das especificidades de cada cargo público, mas também é possível olhar a questão por outro ângulo.  

As provas de atualidades e de direito (constitucional, previdenciário, civil, entre outras), estão cada vez mais sendo elaboradas com o objetivo de se tentar absorver o máximo de assimilação do conteúdo, por parte do candidato. Esses exames estão buscando atingir um patamar de complexidade capaz de medir os conhecimentos efetivos dos candidatos, apresentando temas que se relacionam, consequentemente exigindo uma alta capacidade em conectar assuntos aparentemente diferentes.

"Pra mim é esta condição que tem tornado os concursos públicos ainda mais difíceis", disse-nos o estudante de engenharia de computação, Kaio Suzarte. Ele acrescenta que estudar cada assunto, separadamente, não é uma missão complicada, contudo, percebe o quanto as bancas examinadoras estão tendendo a extrair uma visão profunda do candidato sobre cada prova - isto é o que mais o "apavora". "Em minha opinião, esta situação é pior do que a concorrência. É um verdadeiro mistério saber como será a próxima avaliação".

Ao ler as provas de bancas como a Cespe, Cesgranrio, Fundação Carlos Chagas, Fundação Getúlio Vargas, entre tantas outras, se compreende que nunca a administração pública esteve tão em busca de funcionários competentes e com capacidade de fazer leituras analíticas do serviço público como agora. Espera-se que isso possa, de fato, ser proveitoso para esses futuros funcionários públicos, daqui a alguns anos.

Claro que o propósito não é selecionar "gênios", exímios conhecedores de determinadas áreas, mas de buscar funcionários que tragam para o serviço público um raciocínio que possa se traduzir naquilo que a sociedade espera: pelo menos um bom atendimento e a eficiência.  

Não é nenhuma novidade o quanto o funcionalismo público adquiriu má fama no passado. Cidadãos em longas filas sem receber o devido atendimento e ainda a corrupção praticada em muitos órgãos, práticas que tiraram o direito de muitos em detrimento dos interesses exclusivistas de alguns.

Realizar concursos públicos de alto nível é uma forma de banir estes problemas da administração pública, trazendo para o trabalho pessoas que também primem pela qualidade, vendo a questão do bom salário apenas como uma consequência deste bom serviço prestado. Isso é que, pelo menos, a gente espera.

Em uma reportagem recente, intitulada "Origem e Custo da Corrupção" (disponível no endereço http://www.educacional.com.br/reportagens/corrupcao/origemecusto.asp), é dito que a corrupção, tanto no serviço público quanto no privado, advém da visão clientelista dos próprios cidadãos. O texto também expõe a sua leitura sobre a razão de existir funcionários tão corrompidos em órgãos públicos, acrescentando que um das causas disso é a má estruturação do Estado.

A questão é que, através das avaliações realizadas pelas bancas, o que se pretende é nivelar por alto a chegada de funcionários públicos mais comprometidos com a ética. Que eles tragam também uma bagagem intelectual, capaz de transformar-se em boas práticas diárias no serviço público. Isso explica porque atualmente a palavra da vez é "qualidade" no serviço público.

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