Dicas de redação para o Concurso Banco do Brasil 2018
A prova de redação do concurso do Banco do Brasil pode atrapalhar a muitos candidatos. Por isso, é essencial uma preparação prévia, e muito treino da escrita.
Quando um concurso público para cargo de nível médio exige, além da prova escrita objetiva, uma prova de redação, passa a existir a certeza de que surpresas poderão acontecer, a exemplo, de eliminações não esperadas. Afinal, como se não bastasse ter que assimilar os conteúdos para as questões de múltipla escolha, o candidato deverá comprovar a sua capacidade de apresentar um pensamento ordenado e coordenado sobre determinado tema - e por escrito!
A fim de ajudar na preparação para esta difícil etapa, que costuma assustar os candidatos, iremos analisar as principais exigências sobre Redação deste novo concurso de 2018, comparado ao que foi exigido no concurso anterior (de 2015) para o mesmo cargo.
O tempo para responder e por onde começar
O primeiro “susto” ou apreensão que os candidatos terão é com o tempo de resolução da prova como um todo, que será de cinco horas. Pode parecer pouco para os mais despreparados e nervosos, e pode parecer bastante para aqueles mais frios e experimentados. O importante, com relação ao tempo, é delimitar de uma vez a prioridade, pois o dilema sobre o que começar primeiro (a parte objetiva ou a redação) ainda é real, embora se possa imaginar o contrário.
Veja também:
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É muito fácil dizer: “comece pela redação, pois você estará com todo o vigor, sem aquele cansaço causado durante a resolução das questões objetivas”. De fato, muitos professores preparadores dão mesmo preferência a essa ordem, apesar dela não ser uma regra geral, pois também dependerá da formação intelectual do candidato.
Sabemos que muitos candidatos não se sentem "confortáveis" para começar pelo texto escrito dissertativo. Chegam a ter a sensação de que estão perdendo tempo (algo até angustiante), ao olhar os concorrentes se “matando” para logo assinalar as questões objetivas. Já outros acreditam que são capazes de “dar conta” da redação mais no final do tempo máximo, quando tiver faltando cerca de duas horas para o fim. Claro, tudo isso dependerá da formação intelectual de cada candidato.
Para ambos os lados, uma das dicas fundamentais dos preparadores é não ter nem demonstrar ansiedade na hora da prova. Isto significa que, por mais difícil que possa parecer, é preciso manter a calma e - independente de começar pelo texto escrito ou pelas questões - conseguir equacionar e equilibrar o tempo total disponível.
Artigos que podem potencializar sua Redação:
- Redação para quê?
- E por falar em Prova de Redação para o Concurso Caixa...
- Leitura instrumental a favor da sua redação
- A escrita, a ortografia, os mitos e os concursos
- Quando a redação se torna o obstáculo
- Como superar o nervosismo na hora das provas
- Corte palavras - William Douglas
Orientações gerais
Nos dois últimos concursos (2015 e agora em 2018), a cobrança de Redação na prova do BB segue as mesmas recomendações básicas. Essa será a segunda etapa do concurso, possuindo caráter eliminatório, ou seja, quem não alcançou a pontuação mínima (que agora é 70 pontos), será eliminado, ainda que tenha alcançado o exigido para a prova objetiva.
Os candidatos terão seus textos avaliados com base nos seguintes critérios (os comentários entre parêntesis são nossos):
a) adequação ao tema proposto (por exemplo: de nada adianta falar sobre mercado de trabalho, se o tema for cultura brasileira ou preservação do espaço público);
b) adequação ao tipo de texto solicitado (se é dissertativo-argumentativo, não escreva um esboço de poema, uma letra de canção de que gosta, uma narrativa do seu último encontro amoroso, ou uma receita de bolo);
c) emprego apropriado de mecanismos de coesão - referenciação, sequenciação e demarcação das partes do texto (para treinar coesão, a melhor receita e ler e escrever, escrever muito, pelo menos um texto por dia, independente de que tamanho ele for);
d) capacidade de selecionar, organizar e relacionar de forma coerente argumentos pertinentes ao tema proposto (o pensamento do escritor precisa ser articulado, um elemento precisa ter alguma relação com o outro, dito antes ou a ser dito depois); e
e) pleno domínio da modalidade escrita da norma-padrão - adequação vocabular, ortografia, morfologia, sintaxe de concordância, de regência e de colocação (mais uma vez, pesa muito esse fator para os concurseiros que desenvolveram, ao longo de suas vidas, o hábito de ler e escrever com maior frequência. Se o candidato se limita a escrever todo dia aquele tipo de texto de mensagens instantâneas, ele certamente ficará deficiente em outras tipologias textuais, até mais necessárias para o mundo do trabalho).
A redação deverá ser feita com caneta esferográfica de tinta preta, fabricada em material transparente, e deverá conter
de 25 a 30 linhas.
Pode parecer óbvio demais passar aqui outras orientações sobre essa prova, mas, acredite: em uma sala de 40 candidatos, sempre existem os “desavisados”, que se esquecem de:
- Escrever com uma caligrafia suficientemente legível, para que o examinador, único leitor importante de sua redação, possa avaliar com clareza;
- Não inserir nos seus textos desenhos, esquemas gráficos, outras figuras ou palavras soltas, descontextualizadas;
- Escrever um texto com tamanho maior do que 15 linhas;
- Assinar de maneira clara e no local correto, que geralmente não é na folha de redação propriamente dita, mas em um campo adequado à parte; e
- Escrever com caneta esferográfica na cor exigida – e não a lápis, em parte ou na sua totalidade.
Tema da redação do concurso BB 2015
Os professores reforçam que a prática da escrita é fundamental para se dar bem na redação. Eles consideram o principal caminho para que o candidato ganhe a experiência necessária na escrita. Sabemos que nem todo o dia será possível desenvolver alguma forma de texto dissertativo-argumentativo, pois sempre haverá um dia em que “pinta aquele branco”, ou um dia de preguiça mesmo. Mas alguma forma de prática o candidato precisará inserir na agenda da sua vida, nem que comece com modalidades textuais diferentes, como as narrativas, as descrições de ambientes e espaços, os poemas ou outras.
Da mesma forma com que se deve dar importância ao treino da escrita, se deve dar ao hábito da leitura. A maioria dos brasileiros não consegue ler sequer um livro por ano, dizem as pesquisas. Que tal o concurseiro se afastar desse indicador maldito?
Não é preciso começar com os clássicos enormes da Literatura, mas com aquilo que já se tem relativo contato, dentro da sua realidade: revistas, jornais, textos de qualidade da internet, pequenos livros (de poucas páginas), até bulas de medicamento, entre outros. O importante é que o hábito efetivamente se torne um hábito e não apenas seja lembrado em momentos de preparação para provas.
Um segundo aspecto importante é nunca escrever para si mesmo, pois tendemos a “relaxar no cuidado formal” quando nos acostumamos a querer dar uma de “autodidata” da escrita. Procure um corretor externo* para o seu texto, que pode ser seu amigo, alguém do grupo de estudos, das redes sociais, enfim, alguém que possa avaliar o que você está produzido.
Escrita é comunicação e comunicação não é uma atividade introspectiva. Ela exige contrapartida, seja de um receptor apenas, seja de vários. Pense num artista qualquer da modernidade: com exceção dos “esquisitos” ou daqueles que dizem “esnobar a mídia”, a grande maioria deles produz alguma coisa para ser divulgada, publicada, compartilhada. Até os monólogos precisam de público! Portanto, é de se esperar que o concurseiro/estudante não tenha o mínimo de vaidade para desejar ter o seu texto lido por alguém...
O tema da prova de 2015 do Banco do Brasil foi “Preservação do espaço público: um compromisso do cidadão com a sua cidade”. No embasamento inicial do tema, a banca enfatiza que “o Banco do Brasil é um banco de mercado com espírito público” e que o tema em questão se caracterizava como uma oportunidade para se “refletir sobre um aspecto do amplo e inesgotável debate em torno da solidificação da cidadania brasileira”.
Os três textos que serviram como “motivadores” da redação foram:
“Ao contrário dos animais que não trabalham, pois sua ação não é deliberada, o trabalho humano é uma ação transformadora da realidade, dirigida por finalidades conscientes. Ademais, a ação humana é coletiva e pautada pela linguagem e pelo pensamento, tornando possível a formação do mundo cultural.
No esforço de manutenção da própria vida, os homens passam a produzir os meios de sua própria existência, intervindo, modificando e adaptando a natureza às suas necessidades”.
(SALIM, J.J. Sobre pessoas e organizações. In: FARO, C. (Org.). Administração bancária: uma visão aplicada. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2014, p.235. Adaptado).
“Eu amo a rua. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste às idades e às épocas. Tudo se transforma, tudo varia — o amor, o ódio, o egoísmo. Os séculos passam, deslizam, levando as coisas fúteis e os acontecimentos notáveis. Só persiste e fica, legado das gerações cada vez maior, o amor da rua.
A rua nasce, como o homem, do soluço, do espasmo. Há suor humano na argamassa do seu calçamento. Cada casa que se ergue é feita do esforço exaustivo de muitos seres”.
BARRETO, J.P.E.C.S.C. (João do Rio). A rua. In: A alma encantadora das ruas. Disponível em: <http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/livros_eletronicos/alma_encantadora_das_ruas.pdf>. Acesso em: 23 dez. 2014. Adaptado).
“Quando viaja ao exterior, o brasileiro procura cidades com espaços públicos muito bem estruturados, onde se caminhe por ruas-corredores de calçadas muito bem mantidas e de usos diversificados.
A cidade da segregação, do isolamento, da ausência de serviços públicos e da circulação sem vida — esta cidade não corresponde mais ao sonho contemporâneo”.
(MAGALHÃES, S. Reflexão sobre o espírito público na arquitetura contemporânea. Disponível em:<http://www.iabrj.org.br/Confer%C3%AAncia_XX_CBA_230414_A.pdf>. Acesso em: 22 dez. 2014).
A instrução é de que o candidato não copiasse parte alguma de tais trechos motivadores, ao passo que reforçava a tese de “que não cabe apenas a um setor, mas a todo cidadão brasileiro, resguardar o espaço público para a própria reafirmação de sua civilidade”.
Um erro primário em redações desse tipo é que muitos candidatos colocam título e até mesmo assinam a folha destinada ao texto. Mas atenção: o tema já foi dado no início da questão! Portanto, o candidato não precisaria repetir o tema na folha de redação, contando essas linhas como parte do texto. A instrução era clara: “a Redação não deve ser identificada, por meio de assinatura ou por qualquer outro sinal”.
Pela quantidade máxima de linhas permitidas, de 25 a 30, o candidato jamais poderia discorrer exaustivamente em parte alguma da introdução, do desenvolvimento ou da conclusão. O texto dissertativo-argumentativo para esse tema teria que trazer uma parte inicial bastante sucinta, expondo o ponto central e já delimitando pelo menos um ou dois argumentos (grosso modo, argumento pode ser entendido como a opinião do candidato sobre o tema em questão).
Tópico: Banco do Brasil
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