O concurseiro e o carnaval

Será que adianta se privar de um lazer de que se gosta simplesmente para ficar imerso nos estudos, mas se sentindo infeliz e não render como deveria?

Faltando poucos dias para o carnaval 2013, o concurseiro Mário César Cerqueira, 33 anos, disse que os dias que antecedem a festa popular representam os seus maiores dias de agonia. Numa luta constante para seguir com o cronograma de estudos, ter concentração nas leituras e ainda ser assíduo nas aulas do cursinho, Mário César revela que sente-se na contramão para ser o funcionário público por lhe faltar a determinação para os estudos em alguns momentos.

Já com o abadá comprado para pular no bloco "Camaleão", um dos mais tradicionais do carnaval de Salvador, o concurseiro disse que sente culpa em ver seus colegas imersos em livros e estudos enquanto ele já nem consegue mais pensar em outra coisa senão no carnaval. "Sinto que fico sem merecer a aprovação. Mas, em tantos anos me dediquei ao máximo e nem por isso fui aprovado. Hoje, tudo que quero é encontrar o equilíbrio para tudo", falou.

O problema é quando se tem que abrir mão de um presente de diversão para um futuro mais seguro. Uma situação como esta, no mínimo, gera uma sensação de conflito e um questionamento de que, até que ponto, uma pessoa deve abrir mão de tudo para ser aprovado em um concurso público,

Mário César assume que, em dias de festa, como o caso do Carnaval, guarda a determinação nos estudos para a quarta-feira de cinzas, quando começa a pensar novamente na sua rotina de concurseiro. Mais amadurecido na trajetória dos concursos públicos, ele fala que tem procurado aprender a administrar sentimentos como a ansiedade e os conflitos. "Entendi que se quero brincar o carnaval, vou ficar mal se estudar; se for estudar; também vou ficar mal por querer estar na festa. O que se deve fazer é ter consciência e mandar estas agonias de pensamento para longe".

Em cima da mesma peça do quarto estão tanto as apostilas quanto o abadá para os dias de folia com a banda Chiclete com Banana. Segundo Mário César, os caminhos são opostos, mas, até mesmo em meio a uma complicada decisão a ser tomada, já é um tempo que se gasta sem estudar para os concursos. "Um concurseiro, antes de qualquer coisa, é um ser humano que precisa também viver as coisas boas", salientou.

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