Caatinga: caraterísticas, vegetação, fauna e flora

A caatinga é um bioma que só existe no Brasil e é caracterizado por ter um clima semiárido, com flora adaptada para sobreviver nas secas.

Obras literárias nacionais célebres como “Grande Sertão: Veredas” de Guimarães Rosa ou “Vidas Secas” de Graciliano Ramos têm participado da construção do imaginário nacional que temos sobre sertão ou da região que compreende a Caatinga.

Então quando pensamos em caatinga, lembramos que se trata de um clima semiárido, apesar deste clima com vegetações que apresentam pouca folhagem adaptadas para os períodos de secas, ela possui grande biodiversidade.

Abrangendo cerca de 11% do território nacional, este bioma tipicamente brasileiro é encontrado sobretudo na região Nordeste, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e parte de Minas Gerais.

O que é bioma?

Antes de aprendermos mais detalhes sobre a caatinga especificamente, é importante entender o que se deve entender quando usamos o termo “bioma”. Primeiramente, esta palavra é composta por dois termos do latim bio, que quer dizer vida, e oma, que indica grupo ou massa.

Partindo disso, podemos concluir que um bioma compreende um grupo de seres (vida), uma comunidade articulada de vida animal e vegetal, que são adaptadas às condições e o clima do ambiente.

E essas comunidades compõem grandes áreas ecológicas que possuem características semelhantes e são influenciados por diversos fatores, como clima, solo e relevo. Todos esses fatores estão relacionados com a diversidade dos seus ecossistemas.

Existem dois tipos de biomas que se destacam: os aquáticos, que são diferenciados pelo tipo de água, e os terrestres, que são distinguidos, sobretudo, pela vegetação predominante e pelo clima típico.

O Brasil sozinho detém 6 biomas terrestres, são eles: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa. A partir disso, agora podemos dar sequência ao nosso estudo sobre a caatinga, vamos lá?

O que é a Caatinga?

Localizado no nordeste brasileiro, este bioma que é exclusivo do nosso país e único no mundo apresenta características singulares, sobretudo em relação a aspectos de adaptação climática das plantas e animais da região.

Devido as secas extremas e os longos períodos de estiagem, típico do clima semiárido, a vegetação da caatinga precisou criar formas de se adaptar para sobreviver a esse ambiente com pouca disponibilidade de água.

A flora desta região é caracterizada pela presença predominante de arbustos com galhos retorcidos e raízes profundas, ademais dos cactos e bromélias. Durante os períodos de seca, esses arbustos chegam a perder praticamente todas as suas folhas. Este foi o mecanismo de adaptação para evitar a perda de água por evaporação.

As vezes o imaginário criado sobre a caatinga, nos faz acreditar que este seja um bioma pode em diversidade de animais, o que não é verdade. A fauna é bastante diversificada e também possui adaptações específicas para esse clima, como as periódicas migrações nos períodos de seca.

Qual o significado da palavra caatinga?

Os primeiros habitantes da região que hoje conhecemos como caatinga, os indígenas, deram a este bioma esse nome, que vem do tupi-guarani e significa “mata branca”, “mata rala” ou “mata espinhenta”.

Porque na estação seca, grande parte das plantas perdem as folhas a fim de reduzir a transpiração e evitar a perda de água, sobressaindo na paisagem a aparência esbranquiçada e ressequida dos troncos das árvores.

Contudo, no inverno, que compreende o período das chuvas, essa paisagem severa dá lugar a tons mais coloridos com a renovação das folhas e o desabrochar das flores.

Por que a caatinga é considera como única?

Apesar de haver outras regiões semiáridas no mundo, como na Ásia e na África, ou seja, que apresentam clima semiárido e chuvas irregulares e escassas, existem características na caatinga que a fazem ser classificada como um bioma único e que não pode ser encontrado em nenhum outro lugar no mundo.

Isso provavelmente ocorreu devido variações climáticas (entre muito quente e muito frio) desse bioma, que se verifica nessa região há milhares de anos, fez com que as formas de vida que se estabeleceram nessa região de uma forma diferenciada e possuíssem características peculiares.

Os solos formados nas regiões onde a caatinga se manifesta possuem variedades de rochas que detêm diferentes minerais, profundidades, texturas e, o mais importante, com maior ou menor capacidade de reter água.

O contado com os biomas vizinhos, como o cerrado e as florestas amazônica e atlântica, ajudou a configurar esse ecossistema de características tão específicas, com diversidade endêmica.

E devido aos longos períodos de estiagem, ocasionados pelo tipo de clima da região (semiárido), apenas as plantas com adaptações necessárias para suportar a falta de água conseguiram sobreviver.

Características da caatinga

Como vimos anteriormente, a caatinga possui características singulares e isso se deve, sobretudo, à necessidade de adaptação climática pela qual as plantas e os animais dessa região passaram para resistir as secas estremas e os períodos de estiagem.

Desse modo, a vegetação e os animais desse bioma desenvolveram mecanismos de sobrevivência para conseguir lidar com a pouca disponibilidade de água, algumas espécies animais, por exemplo, para se adaptar ao clima migram nos períodos de estiagem

Por essa razão, a vegetação precisou desenvolver mecanismos de sobrevivência em razão da pouca disponibilidade de água. A fauna é bastante diversificada e também é marcada pelas adaptações ao clima, como as recorrentes migrações nos períodos de seca.

Vale mencionar, que alguns geógrafos apontam a existência de caatingas, mas o que isso significa? Isso quer dizer que as características que vamos apontar ao longo deste artigo variam ao longo do território onde este bioma aparece.

Mas para fins de estudo, os aspectos que vamos descrever a seguir representam e são considerados para a maior parte do seu território.

Vegetação da caatinga

O aspecto que marca a vegetação da caatinga é sobretudo sua adaptação à aridez do solo e a escassez de água típicas dessa região, o que ocasionou muitas espécies endêmicas (que ocorrem apenas nessa região).

A diversidade dessa vegetação se deve a algumas características específicas que ocorrem em determinadas regiões desse bioma, às espécies adaptas as essas condições climáticas dá-se o nome de xeromórficas.

Podemos identificar três extratos de vegetação na Caatinga:

  • arbóreo, com espécies que variam entre 8 e 12 metros de altura;
  • arbustivo, com espécies que variam entre 2 e 5 metros de altura; e
  • herbáceo, com espécies com altura abaixo de 2 metros.

Em locais onde as condições de umidade do solo são mais favoráveis, por exemplo, a paisagem da caatinga se parece com uma mata, onde podemos encontrar árvores como o juazeiro, a aroeira e a baraúna.

Já nas predominantes áreas secas, que possuem solo raso e pedregoso, a vegetação costuma ser comporta de arbustos e plantas com troncos tortuosos, mais baixas e que possuem espinhos e folhas que caem no período da seca, com pouquíssimas exceções.

A queda das folhas é um mecanismo que as plantas dessa região desenvolveram para diminuir a ocorrência de processos de fotossíntese, fazendo com que as plantas passem para um estado de economia energética.

Além dessas adaptações, algumas plantas da caatinga também são capazes de produzir uma cera que reveste suas folhas ou suas folhas são modificadas em espinhos, isso faz com que elas percam menos águas na transpiração, tornando-as resistentes aos períodos de estiagem.

Por fim, existem plantas da caatinga que possuem raízes que cobrem o solo capazes de armazenar melhor toda a água disponível no período das chuvas.

Os tipos de vegetação presentes nesse bioma são compostos por:

  • palmeiras e o juazeiro, com raízes profundas capazes de absorver água no solo e não perdem folhas;
  • cetáceas, como o facheiro, o mandacaru, o roliço, o quipá, o coroa-de-frade, o xique-xique, o facheiro que são usadas na alimentação dos animais, na época de seca; e
  • bromeliáceas, como o caroá (que é usado na indústria pela sua fibra) e a macambira, que é a espécie mais difundida.

No caso das regiões que possuem vegetação de porte arbóreo, mesmo que esparsas, podemos verificar espécies como o angico, a baraúna, a aroeira, o umbu, a quixabeira, o bonome, ou o juazeiro.

Área da caatinga

Este bioma exclusivamente brasileiro, ocupa 11% do território nacional em uma área de 734.478 km2. Apesar da sua relevância ecológica, estima-se que 40 mil km² dessa área já foram praticamente transformadas em deserto, devido ao desmatamento e uso inadequado do solo.

A caatinga corresponde a cerca de 70% da Região Nordeste, abrangendo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia, sul e leste do Piauí e norte de Minas Gerais.

Clima da caatinga

Na região da caatinga podemos verificar um clima marcado por longos períodos de estiagem, com chuvas escassas e mal distribuídas, baixa umidade do ar e altas temperaturas, com médias anuais entre 25°C, podendo ultrapassar os 32°C. A este clima dá-se o nome de tropical semiárido.

Existe uma tendência entre os geógrafos de diferenciar os sertões chamados de hipoxerófitos, que são mais chuvosos, dos hiperxerófitos, onde verifica-se aridez acentuada e é possível perceber na disposição da vegetação a dureza das condições climáticas da caatinga.

O sistema de chuva divide o ano em dois períodos: um seco e um chuvoso. Nos curtos períodos chuvosos, com chuvas torrenciais e irregulares, que duram cerca de 3 a 5 meses (geralmente de janeiro a maio), os índices pluviométricos podem chegar aos 1000 milímetros (mm).

Enquanto que nos períodos secos ou de estiagem, que duram grande parte do ano, de 7 a 9 meses (entre junho e dezembro) elas podem cair para praticamente a 200 mm/ano. Esses índices fazem do semiárido uma das regiões secas mais quentes do planeta.

Fauna da caatinga

Apesar de não ser muito conhecida, a fauna da caatinga é rica e diversa, abrigando um grande número de espécies da fauna brasileira. E todos estes seres possuem características de adaptação ao clima, como comportamentos migratórios, “hibernações” e o desenvolvimento de hábitos noturnos.

Estudos apontam a existência de cerca de 327 espécies endêmicas, isto é, que existem apenas nesta região. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a caatinga apresenta:

  • 178 espécies de mamíferos, como a cutia, o gambá, o preá, o veado-catingueiro, o tatu-peba, gatos selvagens, entre outros;
  • 591 espécies de aves, como a que dá nome a música mais célebre de Luiz Gonzaga: asa branca;
  • 117 espécies de répteis;
  • 79 espécies de anfíbios;
  • 241 espécies de peixes;
  • 221 espécies de abelhas.

Em 2016, dados do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade apontavam que 136 espécies ameaçadas e 46 espécies endêmicas da caatinga estavam ameaçadas de extinção nesse bioma. Sendo um dos biomas grandemente afetados pelo tráfico de animais.

Dentre as espécies que são encontradas na caatinga e que estão ameaçadas de extinção, podemos citar: a ararinha azul, a onça-parda, o tamanduá-bandeira, o guigó-da-Caatinga, o tatu-canastra, o cachorro do mato, o tatu-bola, a águia-cinzenta e o lobo-guará.

Outro fator que ameaça a fauna da caatinga são: desmatamento, queimadas, exploração de recursos naturais e mudanças no uso do solo. Órgãos ambientais federais estimam que mais de 46% da área desse bioma já sofreu com desmatamento.

Ressaltando que muitas espécies que habitam nesse bioma são típicas e ocorrem somente nela, ou seja, são endêmicas. Portanto, a preservação desse ecossistema é importante para prevenir o desaparecimento, não natural, dessas espécies.

Flora da caatinga

Como temos mencionado ao longo do artigo, apesar do imaginário sobre a caatinga ser da escassez, esse bioma é rico em recursos energéticos devido a sua grande biodiversidade. Então é possível encontrar plantas que florescem nessa região, essa floração vai variar de acordo com o regime de chuvas e a qualidade do solo do local.

Dados da Embrapa apontam que a Caatinga possui aproximadamente 1.981 espécies de plantas. Fazendo com que possamos considerar o solo da caatinga fértil, apesar de não possuir potencial madeireiro.

Lembrando que maioria das espécies de plantas desse bioma costumam perder suas folhas no período de estiagem, a floração ocorre no sertão no curto período de chuvas, que ocorrem nos primeiros meses do ano, neste momento a paisagem muda dando lugar as cores das flores e o verde das folhagens que renascem no inverno.

A vegetação da região dos sertões possui características xerofíticas, ou seja, formações vegetais adaptadas ao clima semiárido, que costumam compor uma paisagem seca e espinhosa. Podemos identificar três estratos na caatinga:

  • Arbóreo (grande porte): a alturas das plantas pode variar entre 8 e 12 metros, as principais espécies são o Ipê-Roxo, Cumaru e Aroeira.
  • Arbustivo (médio porte): o tamanho das plantas pode variar entre 2 e 5 metros, as principais espécies desse estrato são a Catingueira, Sabiá, Angico e Juremas pretas e brancas; e
  • Herbáceo (pequeno porte): esta vegetação não passa dos 2 metros de altura, suas principais espécies são a Malva-branca, a Malícia e a Jitirina.

Características de algumas espécies da flora da caatinga

A seguir vamos apresentar cinco espécies endêmicas da caatinga: o cumaru, o ipê-roxo, o juazeiro, a macambira e o mandacaru.

  • Cumaru: espécie em risco de extinção devida à grande exploração, essa espécie de planta é bem a adaptada a solos diversos, sobretudo os solos arenosos e profundos. O cumaru exibe caules que soltam lascas finas, sendo que as camadas mais novas, de coloração verde ficam à mostra.
  • Ipê-roxo: mantendo a característica típica dos ipês, essa planta perde as folhas durante a floração, formando buquês. O ipê-roxo está ameaçado de extinção devido a grande demanda dela para ornamentação.
  • Juazeiro: esta planta pode chegar a ter 16 metros de altura. Graças às suas raízes capazes de captar umidade do solo, o juazeiro consegue manter suas folhas verdes durante as secas, sendo uma das poucas que não perdem a folhagem no período da estiagem.
  • Macambira: esta planta possui grande relevância para a população local, dado que é utilizada na alimentação no gado, revestir telhado, produção de farinha e pirão. A macambira é uma espécie de bromélia que se desenvolve quando exposta ao sol.
  • Mandacaru: por último, mas não menos importante, o mandacaru, também conhecido como cardeiro, o símbolo de resistência no Nordeste brasileiro. Com um formato remete ao de um candelabro, esta planta pode alcançar até seis metros de altura. Essa cetácea é importante na restauração de solos degradados, servindo como cerca natural e alimento para os animais.

Relevo e solo da caatinga

A maior parte da área de compõe a caatinga é originada de um tipo de rocha matriz dura que não favorece o acúmulo de água. Outra faixa desse solo é composta por terrenos sedimentares, que têm uma capacidade de armazenamento de águas subterrâneas considerável.

O revelo desse bioma apresenta formas e singularidades, resultado de milhões de anos de atuação do clima, que gerou várias formações de relevo encontradas na caatinga, como serras, chapadas, planaltos e depressão sertaneja.

Os solos e o relevo dessa região são formados por mosaicos, sua distribuição é irregular e apresenta características variadas mesmo em pequenas distâncias. Por isso que encontramos na caatinga uma ampla diversidade de paisagens e vegetações.

Conforme o Sistema Brasileiro de Classificação dos Solos, o solo da caatinga varia entre rasos e profundos, de alta a baixa fertilidade, sendo rico em minérios, mas pobre em matéria orgânica, e texturas argilosas e arenosas.

Contudo, o tipo de solo mais comum é o raso e pedregoso, que dificulta o armazenamento de água, onde são encontrados arbustos (plantas de baixo porte) e cetáceas. Apesar disso, essa região ainda é muito utilizada para a criação de animais.

A parcela mais plana do revelo é comumente encontrada debaixo dessas regiões de solo raso e pedregoso, que compreende a depressão sertaneja. Já as serras e chapadas são encontradas nas partes mais altas, possuindo um clima mais ameno e maior umidade em decorrência das chuvas, que propicia o desenvolvimento de matas mais fechadas e maiores.

Hidrografia da caatinga

A extensão territorial da região hidrográfica da caatinga é de, aproximadamente, 334 mil quilômetros quadrados. Essas águas ocupam áreas dos estados do Piauí (99%), Maranhão (19%) e do Ceará (10%).

Apesar da irregularidade na disponibilidade de água na região, que tem vazão média corresponde a apenas 0,5% do total do país, vale ressaltar que a caatinga possui aquíferos com grande potencial hídrico para suprir as necessidades regionais.

A hidrografia da caatinga é composta por rios, que em sua maioria são intermitentes ou temporários, em outras palavras, são cursos d’água que correm somente no período das chuvas (no caso da caatinga na estação do inverno) e que secam no período de estiagem.

Desse modo, podemos tirar a conclusão de que a rede hidrográfica da Caatinga é pequena e totalmente dependente das condições climáticas. Mas existem dois rios que se destacam nessa região por serem perenes (água corrente o ano todo): São Francisco e Parnaíba.

O rio São Francisco é um rio muito importante para região, dado que a umidade gerada por ele se converte em um microclima local e a umidade existente ao longo do seu percurso viabiliza práticas agrícolas, fazendo com que seja muito utilizada para a irrigação.

Ao passo que a relevância do rio Parnaíba se dá pelo seu uso para consumo humano, sobretudo na região norte da caatinga. Dos os rios que compoêm a Região Hidrográfica do Parnaíba temos: o Balsas, Poti, Portinho, Uruçuí-Preto, Gurgueia, Longá, Canindé, Piauí e o Parnaíba, principal rio dessa região.

Fotos da Caatinga

Mandacaru, planta símbolo da caatinga:

Cânions no Rio São Francisco, na cidade de Canindé de São Francisco, Sergipe:

Catitiu (Pecari tajacu), uma espécie endêmica da caatinga:

Cenário mais verde em épocas de chuva:

Sítio arqueológico do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Sudeste do estado do Piauí:

Localização do bioma caatinga no brasil

A caatinga compreende cerca de 11% do território nacional, sendo encontrado sobretudo na região Nordeste do país, nos estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.

Ele chega a abranger algumas faixas da região Sudeste do Brasil, na faixa norte do estado de Minas Gerais. Ao todo, sua área chega a aproximadamente 844 mil quilômetros quadrados.

Quais são os “tipos de caatinga”?

Não é correto falar em “tipos de caatinga”, o termo adequado é fitofisionomias. Que tal desgourmetizar esse termo um pouco? De maneira simplificada as fitofisionomias são uma tentativa de classificação dos tipos vegetação baseado em critérios fisionômicos (aparência das plantas), substrato de crescimento e composição da flora.

Então, são fitofisionomias da Caatinga:

  1. Caatinga arbórea: que compreende as florestas que possuem árvores que chegam a medir até 20 metros de altura;
  2. Caatinga arbustiva: composta por árvores de pequeno porte (baixas) que chegam somente até 8 metros de altura;
  3. Mata seca: representado pelas florestas situadas perto de encostas e topos de serras. Em sua maioria, as plantas dessa classificação possuem folhas que permanecem até mesmo no período de seca;
  4. Carrasco: estas são as plantas, também chamadas de arbustos, apresentam caules finos e tortuosos.

Curiosidades sobre a caatinga

  • No dia 28 de abril é comemorado “Dia da Caatinga”, essa data foi escolhida em homenagem ao ecólogo João Vasconcelos Sobrinho (1908-1989), pioneiro nos estudos do bioma;
  • No final do século XIX, a caatinga foi palco de um grande movimento social, o cangaço. Que se tornaram parte do nosso imaginário sobre a região, pelo seu vestuário de couro, necessário para protege-los da vegetação cheia de espinhos desse bioma.
  • Durante o período das secas, a temperatura dessa região pode chegar à 60⁰C, que é uma temperatura muito próxima das regiões desérticas.
  • A caatinga é detentora de 327 espécies animais e cerca de 323 espécies de plantas, ambas endêmicas;
  • Caso não seja preservado, estima-se que 15% a 20% desse bioma corre risco de desertificação, dado que cerca da metade de sua área já sofreu alterações ou perdas devido à ação humana;
  • Com 400 sítios arqueológicos, o Parque Nacional da Serra da Capivara é considerado um dos maiores parques de pintura rupestre do mundo.

Caatinga em risco!

Segundo publicações de Ministério do Ambiente, a caatinga é um dos ecossistemas nacionais mais alterados pela ação humana. Atualmente, mais da metade da sua área já foi modificada ou comprometida, consequentemente temos uma diminuição da diversidade desse bioma.

E de acordo o Ministério do Meio ambiente, calcula-se que aproximadamente 80% da região semiárida que abrange a caatinga já foram alterados de alguma maneira, fazendo dele o bioma mais devastado do país.

Além do aumento populacional que gera demandas por recursos necessários para sua subsistência por meio do uso dos recursos naturais, a expansão da fronteira agropecuária, acarretam o aumento do desmatamento.

A isso soma-se a devastação ocasionada por outras ações humanas, como caças, queimadas, desmatamento e as mudanças climáticas. A perda desse espaço tem resultado no desaparecimento de diversas espécies vegetais e animais, até mesmo endêmicas, causando o desequilíbrio desse ecossistema.

Ao todo, há 16 unidades de conservação federais e 7 estaduais, que são responsáveis pela proteção da caatinga e das áreas de transição entre ela e outros biomas. Contudo, menos de 1% da sua área é protegida no interior das áreas de conservação, fazendo desse ecossistema um dos menos protegidos do Brasil.

Os desafios que essas unidades de preservação enfrentam estão relacionados à: caças ilegais que ocorrem na região; queimadas; pastagem de animais domésticos nas áreas de reserva; situação da propriedade de terra não resolvida e falta de recursos para a manutenção dessas unidades.

Antes de concluirmos este ponto observe o quarto parágrafo da Constituição Federal, Título VIII, Capítulo VI, temos a seguinte enunciado:

“A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.”

Repare que neste trecho não é mencionada a Caatinga, tampouco o Cerrado. Então, como garantir a eficácia de outros amparos legais para preservação desse bioma, quando a própria Constituição não ressalta essa importância?

Desde de 2006 existem Propostas de Emenda à Constituição (PEC 115/95 e PEC 504/2010) que demandam a inclusão da Caatinga, assim como o Cerrado, entre os biomas considerados patrimônios nacionais. Contudo, o trâmite dessas propostas nunca tiveram avanços significativos.

Lembrando que eles são fundamentais para a preservação de outros ecossistemas dado que são biomas de transição, e que a caatinga é o berço de diversas nascentes que abastecem o sertão nordestino.

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