Cultura: o que é, conceito sociológico e tipos

Cultura tem a ver com costumes, tradições e padrões criados, seja na sociedade como um todo ou num pequeno grupo de pessoas, como no ambiente de trabalho.

Sushi, filmes de high school americanos, as obras de Da Vinci, o tango, a poesia de cordel. O que todos esses itens tem em comum? Geralmente, podemos classificar todos eles em algum tipo de produção cultural de um povo. Mas, especificamente, o que é cultura?

O que é cultura

De acordo com o dicionário Priberam Online, o termo cultura pode designar:

  1. Ato, modo ou efeito de cultivar. 
    Ou o conjunto das operações necessárias para que a terra produza. = CULTIVO, LAVRA
  2. Terreno cultivado (ex.: visitou a cultura de abóboras). = LAVOURA, PLANTAÇÃO
  3. Criação de animais (ex.: cultura de peixes).
  4. [Biologia] Cultivo de células ou tecidos em ambiente propício ao seu desenvolvimento e crescimento (ex.: cultura de bactérias).
  5. Conjunto dos conhecimentos adquiridos de uma pessoa ou grupo (ex.: ela é uma pessoa com muita cultura). = INSTRUÇÃO, SABER, SABEDORIA ≠ DESCONHECIMENTO, IGNORÂNCIA, 
    INCULTURA
  6. Totalidade dos costumes, das tradições, das crenças, dos padrões morais, das manifestações artísticas e intelectuais e de outras características que distinguem uma sociedade ou 
    grupo social. Ou costumes e tradições de um determinado povo, nação, lugar ou de um período específico (ex.: cultura portuguesa;
    cultura africana; cultura helenística; cultura celta; cultura medieval).
  7. Conjunto das atividades e instituições relacionadas com a produção, criação e divulgação 
    das artes e das ciências humanas (ex.: é preciso investir na cultura).

Percebeu que além dos termos citados no início, o termo “cultura” pode ser usado para designar coisas diversas? Mas que ainda assim, de alguma forma, e em algum nível, estão relacionadas com ações e intervenções humanas?

Isso ocorre porque a raiz desse termo que derivou do latim, deu origem a expressões e conceitos relacionados a cuidado e cultivo, assim como expressões que fazem referência à conhecimentos e hábitos de determinadas sociedades. Portanto sua aplicação é muito ampla, e dificilmente sofrerá esgotamento conceitual.

No entanto, ao longo desse texto vamos focar nas aplicações indicadas pelos itens 5, 6 e 7, que definem a cultura como um conjunto de hábitos, crenças e conhecimento cultivados por um povo ou determinado grupo (artístico, literário, dramatúrgico, musical etc.) que produz, de alguma forma, um padrão estético semelhante.

Os campos da ciência que costumam explorar esse conceito são a Antropologia e a Sociologia, que visam analisar e entender os aspectos aprendidos que o ser humano, em contato social (das formas de organização mais elementares às mais complexas), adquire ao longo da convivência com seus semelhantes.

Então, podemos tomar os conhecimentos, experiências, atitudes, valores, crenças, religião, língua, hierarquia, relações espaciais, noção de tempo, conceitos de universo que estão inseridos no entendimento de cultura como conhecimentos e padrões de comportamento da aprendizagem social, que garantiu o desenvolvimento, a coesão e sobrevivência humana.

Esse patrimônio social, foco central da antropologia, possui aspectos tangíveis (objetos ou símbolos que formam seu contexto) e intangíveis (conceitos abstratos). A partir desses aspectos é construída a realidade social compartilhada pelos indivíduos que fazem parte dela, formando relações e estabelecendo valores e normas.

As normas são um conjunto de regras que são baseadas em valores de uma cultura. Elas servem para organizar e regular o comportamento das pessoas que que estão inseridas nesse contexto. Como por exemplo o princípio da honestidade, que é muito desejável na nossa sociedade.

Conceito de cultura para a sociologia

Ao longo da história moderna, começaram a ser desenvolvidos estudos e análises voltadas para o entendimento da cultura criada pela humanidade. Os grandes choques ocasionados pelas grandes navegações e a ampliação das fronteiras no mundo geraram intensa curiosidade sobre essas estruturas e sistemas sociais.

À medida que cientistas se debruçaram sobre essa questão nasceram os estudos sociológicos e antropológicos. A antropologia, mais especificamente, surgiu na Europa durante o século XIX, fortemente baseada na visão do darwinismo social de Herbert Spencer (sociólogo e biólogo).

Para aqueles que já estão um pouco familiarizados com o termo “darwinismo” lembrarão que essa teoria da biologia está relacionada a questão da “evolução das espécies”. A teoria de Darwin ficou tão popular nos meios intelectuais do século XIX, que passou a ser associada a outras formas de análise dentro da ciência daquela época, como é o caso da antropologia.

Spencer defendia que a evolução humana se dava em diferentes estágios ao redor do mundo e para sustentar essa afirmação ele argumenta que esses estágios se apresentavam por meio dos diferentes tipos de cultura construídos pelos seres humanos em cada região.

Atualmente, essa teoria é vista como eurocêntrica e racista. Dado que ela apoiava suas considerações sobre os diferentes povos sob uma perspectiva geográfica e étnica, colocando a cultura europeia como a mais “evoluída” em comparação com as demais.

Outro nome a ir mais ou menos nesse mesmo sentido foi o antropólogo inglês Edward Burnett Tylor. Tido como um revolucionário da antropologia britânica por remodelar o conceito de cultura e aplicar de forma ampla em sociedades. Mas essa visão foi descartada com o tempo, por estabelecer hierarquias sociais a partir da produção cultural.

Isso mudou quando o nome de Franz Boas entrou em cena, alemão naturalizado estadunidense, argumentou que não havia uma hierarquia cultural, relativizando o termo cultura e os parâmetros para entender a cultura, pois acreditava não ser possível medir uma escala de desenvolvimento cultural comparando sociedades diferentes.

O que levou Boas a desenvolver uma teoria diferente foi seu contato profundo com a cultura indígena das comunidades estadunidenses, com um olhar menos eurocêntrico, diferente dos evolucionistas, que via a cultura europeia como superior a qualquer outra desenvolvida por nativos das Américas, da África e da Ásia.

Franz Boas foi responsável por influenciar uma nova forma de pensar na Sociologia e Antropologia durante o século XX, chamado de estruturalismo, que analisa as sociedades a partir da observação da ligação entre a cultura e a língua, a cultura e o povo e a cultura e o meio.

O estruturalismo se organiza da seguinte forma: a cultura influencia as características de um povo e ela também influencia o povo reciprocamente. Além disso, existe a noção de influência do meio, contudo o seu impacto não é determinante. Todos esses aspectos formam a estrutura social que deve ser analisada.

Outro nome importante da antropologia estruturalista, devido à influência da sua estadia e contato com os povos indígenas brasileiros, é o etnólogo belga Claude Lévi-Strauss.

Que assim como Boas defendia que, em termos de cultura, não há uma melhor ou pior, mais desenvolvido ou menos desenvolvido, mas que na verdade as culturas deveriam ser observadas de forma distinta segundo suas particularidades, que permitem que elas se desenvolvam junto a outros elementos das diversas estruturas sociais.

Então, como vimos, os estudos antropológicos a respeito da cultura apresentam visões, e métodos, hoje muito diferentes dos posicionamentos iniciais da disciplina. De modo geral, esses estudos visam, por meio da cultura, encontrar soluções para os desafios cotidianos, dos quais fazemos juízo e criamos novas formas de interação social.

Características da cultura

Para pensar nas características intrínsecas da cultura, vamos tomar o exemplo do Brasil: pense que antes da vinda dos colonizados o estilo de vida dos povos indígenas, suas tradições, ritos e hábitos diários eram muito diferentes, até mesmo o nome desse território, que passou a ser chamado de “Brasil “muito depois da colonização.

E que depois desse processo, a cultura nacional passou por mudanças, misturas e adaptações o longo do tempo, que vão desde os hábitos alimentares a forma como falamos português. Não apenas no contexto geral, mas regional, percebemos especificidades e diferenças entre os brasis que se expressam no vasto território nacional.

A partir disso, dentre as principais características da cultura, podemos destacar:

  • Mecanismo adaptativo: assim como no exemplo, percebemos que as pessoas podem mudar seus hábitos para se adaptarem ao meio onde vivem. Esse mecanismo é o responsável por produzir manifestações e mudanças culturais;
  • Mecanismo cumulativo: no processo temporal, de geração em geração, os conhecimentos e costumes são transmitidos, criando uma continuidade dos costumes naquele grupo. Nesse processo de transmissão, a cultura perde alguns elementos, mas incorpora outros aspectos, transformando-se;
  • Transformação permanente: devido aos dois fatores anteriores podemos inferir que a cultura não é estática, por meio da influência de novos hábitos e maneiras de pensar que aparecem com o desenvolvimento técnico do ser humano e da própria sociedade.

Tipos de Cultura

Como vimos acima, o termo cultura tem ampla aplicação. Além disso, o próprio termo dentro dos estudos socioantropológicos pode ser fragmentado em áreas de análise sobre a cultura específicas, são elas: cultura de massa, cultura erudita, cultura popular, cultura material e imaterial, cultura organizacional e cultura corporal.

Cultura de massa

Para falar de cultura de massa precisamos entender primeiro o que é a Indústria Cultural, uma vez que uma surgiu em consequência da outra. Para isso, façamos uma breve viagem no tempo, para o período no qual esse termo foi cunhado, o século XIX.

Nesse período, com o advento da modernidade e a industrialização dos processos, criou-se um antagonismo entre a educação recebida pela população geral e a dada às elites, chamada de cultura erudita. A expressão “cultura de massas”, nesse contexto, estava relacionada, também, ao consumo de bens e serviços da sociedade industrializada.

A expressão, como a consideramos hoje em dia, vem da natureza comercial e manipulativa que foi consolidada no período pós guerra. Nessa época, os teóricos Theodor Adorno e Max Horkheimer fundaram a Escola de Frankfurt e juntos criaram o termo “Indústria Cultural”.

O termo Indústria Cultural é usado para fazer referência aos grandes conglomerados midiáticos que são donos dos meios de comunicação em massa, que naquela época era composta sobretudo pela mela mídia impressa e televisiva, mas que hoje foi ampliada para os meios digitais.

Esses meios são usados para padronizar produtos, notícias, serviços, hábitos de consumo etc. A partir do entendimento dessa expressão, podemos inferir que a cultura de massas se trata de um conjunto de produtos padronizados e pré-definidos para consumo imediato.

Ainda assim, o que é a cultura de massa? Vamos refazer um trajeto para ficar mais simples. Lembre que antes da indústria todos os bens de consumo (móveis, vestimentas, alimentos, etc.) eram produzidos manualmente e levavam muito tempo para serem feitos e cada um era único, por melhor que fosse o artesão existiam pequenas diferenças entre um e outro, certo?

Com a industrialização foi possível padronizar esses produtos e acelerar a produção. Isso é ótimo não é mesmo? Então, de acordo com alguns teóricos a cultura de massa não gera um efeito apenas nos produtos, mas também nos consumidores, que são induzidos a desejos e necessidades superficiais que tornam as pessoas, também, padronizadas, sem autenticidade.

Isso acontece pelo processo de simplificação que a própria indústria impõe sobre o que ela produz, dado que os produtos precisam ser vendidos em larga escala para o maior número de públicos possível.

Por isso que valores vinculados a cultura popular ou erudita (como: originalidade, tradição, especificidades locais e regionais) não são levados em conta nesse processo, são substituídas por simulações ou sínteses dessas culturas.

Isso é feito com a intenção de satisfazer um consumidor comum anônimo e amorfo, padronizado, visando o maior lucro possível em detrimento do valor artístico do produto. Esse processo tem os países desenvolvidos como os maiores importadores de produtos culturais para vários países globalizados, que incorporam esses bens como uma cultura autêntica.

Segundo os teóricos da Escola de Frankfurt, sobre a cultura de massa, o caráter mercantil, alienante e manipulador da Indústria Cultural visa promover o consumismo entre os indivíduos e como consequência, as diversidades de expressões culturais são reduzidas e absorvidas a um ideal comum e homogêneo.

Mas como esse processo se tornou tão eficaz no que faz? Lembra quando mencionamos os meios de comunicação que se consolidaram no período entre guerras? São exatamente eles que facilitaram e aceleraram o processo de homogeneização cultural, uma vez que são porta-vozes da Indústria Cultural, homogeneizando os padrões culturais e canais midiáticos, alienando os consumidores.

Cultura erudita

Quando tratamos de cultura erudita, diferentemente da cultura de massa, ela é produzida e pensada para um público específico e possui características singulares. Além disso, ela está relacionada ao conhecimento adquirido e desenvolvido por meio da pesquisa em campos diversos.

Outro fator que a torna decisivamente diferente da cultura de massa é que ela representa uma forma de distinção social, dado que ela não é disponível para as massas. Ela é criada por e para uma elite, econômica, social ou intelectual, com a intenção de usar sua classificação como uma forma de se sobrepor às outras.

Uma forma de gerar essa distinção social, também, está no valor monetário agregado aos bens culturais, fazendo com que as pessoas com menor poder aquisitivo sejam excluídas da experiência e contemplação dos seus produtos.

Ao longo do tempo ela foi associada a uma noção de cultura desenvolvida esteticamente e de alto valor. A diferenciação social vinculada a ela é viabilizada pelo acesso ao conhecimento tido como culto, o que pode resultar em uma visão etnocêntrica.

Como expoente dessa visão, temos os elementos culturais criados pelas elites, sobretudo europeias, que envolviam na maior parte das vezes um grande desenvolvimento técnico, como a música erudita barroca e clássica, a literatura e na arte.

Como exemplos mais específicos da cultura erudita podemos elencar: óperas do compositor alemão Richard Wagner e Bizet; as pinturas de Caravaggio e Pablo Picasso; as peças musicais de Bach, de Vivaldi ou do maestro brasileiro Heitor Villa Lobos, autor da peça “O Guarani“.

Cultura popular

Com a cultura erudita, percebemos que a cultura, no seu sentido socioantropológico, é um termo amplo, que integra comportamentos símbolos e práticas sociais. Então, elas delineiam um conjunto de fatores, como saberes, crenças, costumes e tradições de um povo, que estruturam uma sociedade.

A partir disso, podemos inferir que o entendimento de cultura popular está associado ao conjunto de saberes criados pela interação dos indivíduos, ou dito de outra forma, é a expressão cultural geral de um povo, reunindo elementos e tradições culturais relacionado a esse povo.

Desse modo, a cultura popular engloba o folclore (conjunto de lendas e mitos passados de geração em geração), o artesanato, as músicas, as danças, as festividades, a culinária, a religião, dentre outros.

Especialmente no Brasil, a cultura popular está fora do eixo erudito, dado que as manifestações populares aqui se deram por povos marginalizados, ou seja, fora das elites. Como a cultura indígena, nordestina, nortista e sertaneja e, nas cidades, das periferias e favelas.

Cultura material

Até aqui falamos da cultura e como as pessoas produzem suas manifestações. Nesse sentido, a cultura material envolve todas as produções culturais que resultam num conjunto de patrimônio cultural e histórico constituído por elementos concretos produzidos pelas pessoas ao longo da história.

Em outras palavras, ela está associada aos elementos tangíveis, concretos e palpáveis feitos pelos seres humanos. Dessa relação entre a cultura de um povo e os objetos que ele produz podemos citar: museus, igrejas, obras de arte, vestuário, música, alimentação, moradias típicas, cidades, festividades, dentre outros.

E todos esses elementos arquitetônicos e os objetos de uso pessoal e coletivo são estudados pelas áreas de conhecimento compreendidas pela Arqueologia, Antropologia, História da Arte, Arquitetura, Literatura, Museologia, entre outras.

Cultura imaterial

No lado oposto da cultura material temos a cultura imaterial, que é composta pelos elementos intangíveis e espirituais desenvolvidos por um povo ao longo de sua história.

Essa cultura é representada pelo conjunto de saberes, as tradições, os modos de fazer, os hábitos, os comportamentos, os costumes e valores partilhados entre os membros de determinado grupo.

Exemplos de patrimônios culturais transmitidos entre gerações podemos citar as tradições, as festas populares, as lendas folclóricas, as feiras populares, os rituais, os saberes e valores partilhados por um grupo social, sua música e dança, as comidas, lendas e até mesmo o “jeito de ser” de uma população.

Cultura organizacional

O conjunto de elementos que associamos aos valores, missões e comportamentos de determinada organização ou empresa é conhecida como cultura organizacional ou cultura corporativa. Esse tipo cultural é o responsável por criar padrões de funcionamento e operações dentro de uma organização, companhia, negócio ou empresa.

A cultura organizacional é base para a formação da identidade corporativa, na qual se assentam a missão e os valores que os membros dessa organização irão compartilhar. Isso é fundamental para que essa companhia alinhe seus membros para que alcancem objetivos comuns, seja com relação a empresa ou a equipe de colaboradores.

O estudo sobre a cultura se tornou um importante instrumento para o aprimoramento das organizações, uma vez que este espaço é um sistema complexo que abrange não apenas pessoas, mas também recursos.

O psicólogo e professor Edgar Schein contribui para esses melhoramentos da cultura organizacional por meio da criação de um modelo organizacional em três níveis, que compreende os elementos da cultura organizacional, são eles:

  • Artefatos: neste nível estão os aspectos relacionados à imagem da empresa, sejam a missão, as tradições, a uniformização de seus funcionários, o slogan, o ambiente de trabalho e suas instalações, que são provocados pelas ações empresariais.
  • Normas e Valores: aqui são determinados os valores que criam as normas de conduta (comportamentos) dentro de uma empresa, seja no âmbito geral empresarial ou pessoal, como o uniforme ou dress code dos colaboradores.
  • Pressupostos Básicos: de acordo com Schein esse é um fator muito importante, dado que é ele que define a base da cultura de uma organização. Eles não são aspectos tangíveis ou concretos, mas eles regem o modus operandi da empresa, mesmo que os colaboradores não estejam conscientes dela, ela funciona e opera o ambiente organizacional. 

Cultura corporal

A cultura corporal se ocupa do comportamento dos seres humanos nos diversos contextos sociais que eles interagem, mais especificamente do conjunto de valores que estão relacionados ao corpo, podendo ser considerada sob perspectivas físicas, éticas e sociais.

Ela também está fortemente ligada à cultura do movimento, que compreende as práticas relacionadas ao movimento, como atividades, esportes, festividades, jogos, danças, artes de expressão corporal e comportamento sexual.

Sobre a cultura brasileira

Não podíamos encerrar um conteúdo sobre cultura sem uma abordagem específica sobre a cultura brasileira.

Formada ao longo dos séculos, tomando o período da colonização como marco inicial, a cultura do Brasil é o reflexo da mistura dos valores de vários povos, sobretudo da cultura indígena, africana e portuguesa.

Durante os séculos XIX e XX, sob influência dos imigrantes italianos, espanhóis, árabes, japoneses, alemães, chineses e outros, a cultura nacional passou por novas modificações e adaptações. Esse fenômeno de influências diversas é referido como caldo cultural.

Um aspecto cultural muito marcante fruto dessa miscigenação cultural é o nosso idioma, que chegamos a descrever como “português brasileiro”.

Por conta das dimensões geográficas do país, além das mudanças sofridas, num sentido amplo, da língua trazida pelos colonizadores, houveram influencias e fenômenos linguísticos particulares nas macro regiões do país, que geraram entonações, expressões e sotaques variados ao longo do território.

Desse modo, a forma como a língua é pronunciada no Nordeste é diferente, do Sudeste, Centro-Oeste, Norte, e Sul, e todas elas juntas, também, são diferentes do português falado em Portugal.

Assim como ocorreu com o idioma, o conjunto de costumes, mitos, lendas, folclore, alimentação típica de cada região possui suas singularidades. Desses costumes podemos citar um dos eventos mais famosos do país que é o Carnaval Carioca.

Além dessa festa tradicional, um aspecto marcante da diversa cultura brasileira são os alimentos típicos, como por exemplo, na refeição do almoço: ao passo que o manauara (natural de Manaus) come peixe com açaí (salgado), o goiano se alimenta de arroz com feijão e bife, conhecido como Prato Feito (PF).

A fim de criar políticas de conservação da cultura nacional e cuidados com o patrimônio histórico e cultural, como a manutenção de bibliotecas públicas e incentivos a manifestações como teatro, dança e cinema, o país conta com as ações do Ministério da Cultura (MinC).

Manifestações culturais e exemplos

Vimos até aqui uma extensa conceituação e definição da cultura num viés sociológico e antropológico e outras dimensões culturais vinculadas a esse eixo de análise. Mas onde podemos objetivamente perceber a cultura? 

Podemos contemplar os produtos da cultura de um povo nas seguintes atividades e manifestações: música, teatro, rituais religiosos, língua falada e escrita, mitos, hábitos alimentares, danças, arquitetura, invenções, pensamentos, formas de organização social, etc.

Elencaremos algumas dessas manifestações culturais por meio de expressões brasileiras.

Danças Populares
FrevoDança folclórica tradicional no nordeste do Brasil, mais expressiva em Recife e Olinda, este ritmo musical é baseado na fusão de gêneros como marcha, maxixe, dobrado e polca, e sua dança foi influenciada pela capoeira.
QuadrilhaTambém chamada de quadrilha juninaquadrilha caipira ou quadrilha matuta, é um estilo de dança folclórica coletiva muito popular no Brasil, que utiliza uma linguagem bem coloquial, que remete aos meios sertanejos e nordestinos. O nome “junina” se deve ao mês no qual a festividade ocorre, junho.
MaracatuDança, ritmo musical e ritual de sincretismo religioso do estado de Pernambuco, que mistura as culturas africana, portuguesa e indígena. Existem dois tipos de maracatu que são distinguidos de acordo com o “baque” ou batida: Maracatu Nação (Baque Virado) e Maracatu Rural (Baque Solto).
CarimbóDança tradicional do estado do Pará, que é marcada por movimentos giratórios. O nome carimbó ou curimbó vem do tupi: curi é pau oco e m’bó é furado.

 

Música
Cantigas de rodaMúsicas folclóricas cantadas em uma roda, como a adoleta.
Canções de ninarCanções usadas para fazer crianças e bebês dormirem, uma das mais famosas é o “Boi da cara preta”.
SambaDança e gênero musical que se consagrou no mundo como elemento representativo da popular brasileira. Nomes importantes desse gênero musical temos: Adoniran Barbosa e Alcione.
Música sertanejaEstilo musical caracterizado pelo uso predominante do som da viola, grandes nomes desse estilo musical temos: Irmãs Galvão e Tião Carreiro & Pardinho.
Moda de violaConsagrada como música caipira brasileira, composta por solos de viola e discursos narrativos, exponentes desse gênero musical temos: Inezita Barroso e Tonico & Tinoco.
Bossa NovaEsse estilo de música popular brasileira foi fortemente influenciado pelo samba carioca e do jazz norte-americano. Artistas desse movimento musical, elencamos: Nara Leão e Elis Regina.
MPB – música popular brasileiraEsse gênero musical brasileiro foi inspirado no folclore nacional, sobretudo nas culturas indígena, africana e europeia. Representantes desse estilo musical temos: Gal Costa e Tim Maia.

 

Literatura Popular
Literatura de cordelManifestação cultural literária tradicional, especialmente no interior nordestino. É caracterizada por pequenos livros com capas de xilogravura, pendurados em barbantes ou cordas. Atualmente, nos mercados centrais das grandes capitais nordestinas é possível encontrar esse tipo de literatura para venda.
AdivinhasPerguntas, que também são consideradas um tipo de jogo, que começam com “O que é, o que é …?”. Geralmente essas perguntas são uma anedota com respostas engraçadas.
Provérbios e DitadosFrases curtas cujo principal objetivo social é aconselhar e advertir, além de transmitir ensinamentos e conhecimentos de geração em geração.
ParlendasRimas infantis, geralmente curtas, que divertem e trabalham a memorização e a fixação de alguns conceitos, que não precisam necessariamente ter um sentido profundo.  Uma marca relevante dessa literatura popular é seu caráter lúdico, usado para entreter e aguçar a imaginação infantil.
Lendas do SudesteDois exemplos das principais lendas e mais famosas lendas da Região Sudeste do Brasil são: a lenda do Curupira e a lenda da Mula sem cabeça.
Lendas da Região NorteDa Região Norte, as histórias mais difundidas são a lenda do Boto e a lenda da Vitória-régia.
Lendas da Região SulNa Região Sul, as lendas que possuem maior destaque são: a lenda do Negrinho do Pastoreio e a lenda do Saci-pererê.
Lendas da Região NordesteNessa região podemos elencar a lenda do Barba ruiva e a lenda do Papa-figo.
Lendas da Região Centro-OesteNo Centro-Oeste, temos a lenda da Mãe-do-ouro e a lenda do Nego d’água como as principais e mais conhecidas dessa região.

 

Festividades
Bumba meu boiTambém chamado de Boi-bumbá, consiste em uma dança típica do Norte e do Nordeste, onde ocorre uma apresentação teatral para contar a lenda de um boi. Apesar dos símbolos cristãos serem predominantes nessa expressão cultural, o sincretismo continua presente por meio da inserção dos santos juninos, orixás e seres mágicos.
CarnavalEssa festividade acontece três dias antes da Quarta-feira de Cinzas, onde, em alguns estados, são habituais os bailes de máscaras, os desfiles de fantasias e/ou os trios elétricos. Assim como a data que precede, o carnaval costumava a ter um forte cunho religioso.
Festas juninasFestas populares que ocorrem no mês de junho, onde são comuns as danças de quadrilhas e as comidas típicas como, por exemplo, canjica, arroz doce e bolo de milho. Essa festividade tem origem no culto aos deuses pagãos, mas com o tempo sofreu influências do catolicismo e hoje está fortemente associada com os santos católicos, como Santo Antônio, São João e São Pedro.
Folia de reisTambém chamada de Reisado ou Festa de Santo Reis, essa festa cultural de caráter religioso, celebra a visita dos três Reis Magos, mencionados na bíblia, que fizeram a primeira visita a Jesus Cristo na manjedoura.
Festa do DivinoFesta do Divino (Espírito Santo) é uma celebração religiosa de origem católica realizada no dia de Pentecostes. Apesar de suas raízes religiosas, vários elementos populares foram incorporados à festa como a figura do Imperador, o levantamento do mastro e queima de fogos de artifícios.

Vídeos sobre Cultura

Adorno e a Indústria da Cultura

Calma! O vídeo é em português brasileiro mesmo. Este vídeo aborda aspectos sociais, como jogos de tabuleiro e mídias de streaming, que fazem parte do nosso cotidiano para entender e exemplificar melhor como foi realizada a análise da cultura de massa por Theodor Adorno.

Cultura Organizacional – O que é? RH Academy

Neste vídeo revisamos o conceito e o entendimento do que é a cultura organizacional, fazendo uma aproximação com a noção socioantropológica de cultura e como isso é aplicado no ambiente dos negócios.

Cultura Brasileira – Aula 1 – Quem é brasileiro, cultura?

Esse é o primeiro vídeo de uma série sobre a cultura brasileira. Nesta série o Professor Luiz apresenta a diversidade brasileira e a forma como nós, brasileiros lidamos com essa diversidade cultural e as crises e problemáticas que envolvem as realidades nacionais.

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