O Mito da Caverna

O Mito da Caverna é originado de um diálogo entre Platão e Glauco, seu irmão. Está presente em um trecho do Livro VII de A República.

Filho de Ariston e Perictione, Platão nasceu em Atenas em 428-7 a.C. e faleceu em 387 a.C. As duas datas são bastantes significativas: o nascimento de Platão deu-se no ano seguinte ao da morte de Péricles, e o seu falecimento ocorreu 10 anos antes da batalha de Queronéia, na qual Felipe da Macedônia conquistou o mundo grego.

A vida de Platão transcorreu entre o ápice da democracia ateniense e o final do período helênico. Fundou em 387 a.C., a Academia, que foi a sua própria escola de investigação cientifica e filosófica. Dedicou-se ao magistério e à composição de suas obras por aproximadamente 20 anos, sendo aluno de Sócrates e professor de Aristóteles.

Fundou a filosofia política ocidental através da sua obra “A República” e é nessa obra que se encontra o famoso Mito da Caverna. Platão foi considerado um filósofo racionalista, realista e idealista, tendo também desenvolvido a Teoria das Ideias, a qual é considerada como um importante marco do desenvolvimento do saber filosófico.

Platão faleceu com a idade de 80 anos e acredita-se que foi sepultado no terreno da sua Academia.

A ALEGORIA (MITO) DA CAVERNA

Na obra “A República”, mais especificamente no Livro VII, é relatada a alegoria da caverna, que tornou-se mais conhecida como o “Mito da Caverna”. Trata-se de uma das alegorias mais importantes da história da filosofia e, através dela, Platão tentou explicar a sua Filosofia e demonstrar a cegueira dos seres humanos diante de um mundo de aparências. Com isso, propôs aos homens a busca da saída do mundo dos sentidos – das impressões – e a chegada então ao mundo das ideias através do conhecimento.

A situação retratada no mito é a seguinte: em uma caverna subterrânea só havia entrada para um feixe de luz provindo de uma fogueira do lado de fora. Lá, viviam alguns homens que foram aprisionados ali desde a infância e de lá nunca saíram, permanecendo algemados e acorrentados, não podendo olhar para trás e nem para os lados, somente para frente e permanecer no mesmo lugar.

Os prisioneiros não podiam se mover, e num plano superior, atrás deles, ardia um fogo a certa distância e então, entre o fogo e os prisioneiros existia um caminho e havia sido elevado ao longo dele um pequeno muro, tal qual como um palco, e por cima dele fazia-se movimentar marionetes, passando também homens transportando uma grande variedade de objetos (estátuas e figuras de animais), sendo possível ser vistos de dentro da caverna.

Platão então indaga: o que aconteceria se algum daqueles prisioneiros se libertasse? Primeiramente, observaria a caverna, veria os demais seres humanos que ali também estão aprisionados, as estatuetas e a mureta e a fogueira. Apesar de sentir dores intensas por conta dos vários anos de imobilidade, caminharia até à entrada da caverna e adentraria no caminho à frente. Após se dirigir para fora da caverna, ficaria cego pois a fogueira relatada inicialmente é o sol, e após se acostumar com a claridade, contemplaria os homens que transportam as estatuetas e enxergaria também as próprias coisas transportadas por eles.

Após libertado e conhecedor do mundo real, o antes prisioneiro retornaria à caverna e relataria aos outros prisioneiros o que havia vivenciado, na tentativa de também libertá-los. Porém, os que ainda se encontravam prisioneiros zombariam dele ou tentariam tirar-lhes a sua vida… Em resumo, este é o mito da caverna.

RELAÇÃO DO MITO DA CAVERNA COM A REALIDADE

A metáfora utilizada por Platão no Mito da Caverna estabelece a divisão da realidade em dois domínios: o domínio das coisas sensíveis e o domínio das ideias. De acordo com a concepção do filósofo, a humanidade vive na ignorância, ou seja, vive no mundo das coisas sensíveis, ou mundo ilusório, onde tudo é mutável e desnecessário, carente de conhecimento. Este mundo a que se refere – o das ideias – dominado pela razão, está acima do mundo sensível, que é dominado pela subjetividade.

De acordo com Platão, para ser filósofo, faz-se necessário se libertar das correntes através de um processo dialético, devendo sair da ignorância para a opinião e, posteriormente, para o conhecimento.  As interpretações sobre o Mito da Caverna têm se demonstrado, ao longo dos séculos, como inesgotáveis, uma vez que a todo o momento podem ser aplicadas às circunstâncias sociais do mundo contemporâneo.

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