Deuses Egípcios: religião no Egito Antigo, mito e características

A religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, com vários deuses e deusas responsáveis pela criação do mundo e seus elementos. Conheça os deuses egípcios.

Das grandes edificações como a Esfinge às mumificações, da história antiga, o Egito Antigo nos fascina pela sua estrutura social e, sobretudo, pelo místico vinculado a ela. Sabemos que a vida da região, toda sua estrutura política e social, girava em torno da religião e dos deuses egípcios.

Não é possível determinar a quantidade exata de deuses egípcios, mas acredita-se que sejam milhares, essas divindades eram onipresentes e metamórficas, cada um com nome e personalidades próprios.

Segundo a crença os deuses tinham criado o mundo e povoado o Egito, acreditava-se que possuíam o poder de influenciar os elementos, o dia a dia das pessoas e controlar as forças da natureza, assim como ensinado os camponeses as técnicas de agricultura.

Apesar de seu grande poder, as deusas e deuses egípcios possuíam comportamentos semelhantes ao das pessoas, como ganância, ira, inveja, mas também bondade, senso de justiça, como ocorria com as divindades greco-romanas.

Religião no Egito Antigo

A religião e a figura dos deuses egípcios eram presentes em todas as estruturas sociais do Egito Antigo, influenciando todo o desenvolvimento cultural dessa civilização e o funcionamento dessa sociedade, tanto que este é considerado o primeiro Estado teocrático de que se tem notícia.

Podemos afirmar isso, porque o Faraó detinha todo o poder, assumindo várias funções como rei, juiz, sacerdote, tesoureiro, general por ser considerado o filho do Sol (Amon-Rá) e a encarnação de Hórus na Terra. Sendo esse o centro de toda a legitimidade do poder faraônico e era usado como justificativa para as estruturas e organização social egípcia.

Então, sabendo da relevância social da religião no Egito Antigo, quais são suas principais características?

A religião no Egito Antigo era politeísta, ou seja, os egípcios cultuavam vários deuses, cada um com seus papéis, características e poderes específicos, sendo cultuados em todo o Egito e também fora dele, existem evidências de que alguns eram venerados até na Europa.

As divindades possuíam muitas características em comum com os seres humanos, podendo nascer, envelhecer e morrer. Além de cada um possuir um nome, também eram dotados de sentimentos e necessidades humanas, como fome, inveja, ira, entre outros.

Vale acrescentar que, além dos deuses, os egípcios na antiguidade também adoravam as formas e forças da natureza, como o Rio Nilo, o Sol, a Lua e o Vento.

Apesar dessas características muito humanas, os deuses egípcios possuíam características excepcionais, como por exemplo, acreditava-se que o corpo de algumas divindades era composto de materiais preciosos e com poderes de transformação e criação.

Em determinadas ocasiões, a sociedade egípcia organizava longos rituais, festividades e cerimônias, nas quais realizavam oferendas como forma de agradecer por favores dados pelos deuses ou para fazer pedidos.

Para isso, os faraós construíam os templos, como uma forma de adoração e agradecimento aos deuses. Vale saber que cada cidade-estado egípcia possuía o seu deus protetor e a cidade possuía um templo dedicado a eles (ou ela). Essa relação patrona chegava a ocasionar guerras entre as cidades egípcias que possuíam deuses patronos rivais.

Por fim, uma característica marcante da religiosidade egípcia estava vinculada à crença da vida após a morte, que levou essa sociedade a criar o processo de mumificação (conservação dos corpos), na intenção de prepara o corpo das pessoas, os nobres para ser mais precisa, para a vida imortal.

Acreditava-se que que o ser humano era constituído por duas partes: o (corpo) e (alma), e que no momento da morte elas se separam, sendo que a alma era a parte que iria para o Tribunal de Osíris, para ser julgada pelas suas ações, caso passasse no julgamento voltaria para o corpo para viver no reino de Osíris ou Amon- Rá.

Mito da criação

Um dos pontos centrais de todas as religiões está no mito da criação no qual ela é baseada, esse ponto é muito importante para essas sociedades pois remontam a origem da sua civilização e faz referência aos simbolismos nos quais são fundadas as estruturas sociais.

O mito egípcio que retrata a criação do mundo é o mito da cidade de Iwnw, posteriormente batizada Heliopólis pelos gregos. As fontes para esse relato são os chamados Textos das Pirâmides (datado de 2550 a.C.) e o capítulo 17 do livro dos mortos (livro datado de 1580 a.C.), que se chama “Capítulo para sair a luz do dia”.

A história se centra no papel do deus sol, Rá, como o criador e pai de todos os deuses egípcios. Isso está relacionado a visão de que a passagem do nascer ao fim do dia como um processo de renovação, e dos raios solares como um ato da criação divina.

De acordo com o mito, no início de tudo havia um oceano caótico, chamado Nun, dele surgiu uma montanha, que foi o primeiro pedaço da terra, chamado de Ben Ben. De Ben Ben emergiu Atum e sua luz tomou o lugar da escuridão e não existência, depois, Rá tomou sua forma, se tornando Rá-Atum.

E Atum criou as outras divindades, cuspindo seus filhos e vomitando suas filhas. Sendo um deles o deus Shu, ligado ao ar atmosférico e sua irmã Tefnut, associada ao orvalho e a umidade. Da união de ambos nasceram outras duas divindades, Geb e Nut. Geb se transformou na terra e Nut tornou-se o céu estrelado.

Não querendo que seus filhos criassem novos deuses, ordenou que seu filho (Shu) que separasse os netos para que eles não mantivessem qualquer tipo de relação. Em obediência ao seu pai, Shu separou seus filhos, se tornando o ar que respiramos, ao passo que Nut virou o céu que cobre o mundo, Geb tornou-se a terra na qual vivemos.

Outra informação que o mito nos traz, referência o deus Toth que tenta ajudar os dois irmãos por meio de uma disputa de Senet (um jogo) com o deus Khonsu (deus da lua), desse evento surgiram mais cinco dias no calendário egípcio, que permitiu os dois jovens deuses pudessem se relacionar.

Dessa união nasceram os demais deuses egípcios, como Osíris, relacionado com a vegetação, Ísis, a deusa da magia, Seth, deus do caos, e do deserto e, por último, Néftis, a deusa protetora das tumbas.

Características antropozoomórficas

A figura dos deuses egípcios se manifestava de formas diversas, com aspectos totalmente humanos (antropomorfismo), inteiramente animais (zoomorfismo) e, a mais conhecida, representações com corpo humano e cabeça animal (antropozoomorfismo).

Precisamos ter em mente que a relação entre os deuses zoomórficos e os animais no Egito Antigo eram indissociáveis, até considerados a encarnação dos próprios deuses, servindo por meio de sinais e presságios, orientando decisões dentro da sociedade.

As divindades egípcias que são representadas com características humanas e animais fortaleciam a crença de que animais possuem características superiores às humanas, daí o nome antropozoomorfismo, que vem da junção de três termos gregos, “anthropo” (homem), “zoon” (animal) e “morfhe” (forma).

Da fusão desses aspectos acreditava-se que os deuses teriam as melhores características do ser humano e dos animais que compõem sua imagem. Isso também diferenciava os deuses egípcios tanto dos animais quanto das pessoas comuns, garantindo assim sua superioridade e importância.

Tipos de deuses egípcios (agrupamentos)

Os deuses egípcios, comumente, estão agrupados da seguinte maneira: tríades (grupo composto por três deuses), enéades (grupo formado por nove deuses) e ogdóades (grupo composto por oito deuses).

O enéade é uma palavra grega, em egípcio antigo utilizava-se a palavra pesedje, que fala sobre o agrupamento que mantém um número fixo de deuses, sendo a de Abido, formada por sete deuses, Tebas possuía quinze divindades, ogdóade reúne oito divindades (quatro pares, compostos por casais) e Heliópolis, composta por nove divindades que estão ligadas por laços familiares. 

Outra maneira de classificar os deuses egípcio, ou princípios cósmicos, eram chamados e Neteru, que foram divididos da seguinte forma:

  • Neterus Primordiais: composto pelos deuses mais importantes, que estão envolvidos no mito de criação (origem do universo), são eles: Nun (Nu ou Ny), Atum (Atum-Rá, Tem, Temu, Tum e Atem), Amon (Mut ou Amun), Aton (Aton ou Aten), Rá (ou Ré), Ka (a alma dos deuses e dos homens), Ptah e Hu.
  • Neterus Geradores: Shu (filho de Atum e deus do ar), Tefnut (filho de Atum e deusa da umidade), Geb (filho dos irmãos Shu e Tefnut) e Nut (filha dos irmãos Shu e Tefnut).
  • Neterus da Primeira Geração: que são os filhos dos primeiros deuses, são eles: Osíris, Ísis, Seth(ou Set) e Néftis (ou Nephthys).
  • Neterus da Segunda Geração: descendentes dos deuses originais, são eles: Hórus, Hator, Tot (ou Thoth), Maat, Anúbis, Anuket (ou Anukis), Bastet, Sokar (Seker ou Sokaris) e Sekhmet.

Principais deuses egípcios

Amon

De modo geral, os deuses egípcios possuem representações definidas, com corpos, aparência e poderes determinados, o que não se aplica a Amon, cujo nome significa “O Oculto” ou “O Invisível”.

Por não possuir uma forma palpável ele foi muito associado ao ar e ao vento, ou representado como um carneiro, um homem ou a mistura dos dois, sendo ele um símbolo da própria natureza misteriosa da vida.

Devido a esse caráter maleável, Amon foi associado a outros deuses egípcios, unindo-se a eles e incorporando seus atributos, esse fenômeno era muito comum nas histórias mitológicas e foi assim que surgiu Amon-Rá (aquele que ilumina e emerge diariamente), por exemplo.

A princípio, Amon era um deus adorado localmente, progressivamente ganhando importância e sendo associado a Rá, o deus Sol, tornando-se Amon-Rá, o “Rei dos Deuses”. Amon-Rá veio a se tornar a mais poderosa e popular divindade de todo o Egito Antigo.

Da Associação de Amon com outros deuses fez com que os poderes relacionados a ele fossem inúmeros. Segundo Joshua J. Mark, editor da Enciclopédia de História Antiga, Amon foi reconhecido como: Deus do Sol (aquele que dá vida), Deus criador (capacidade de criar as coisas e a si mesmo), Deus da fertilidade, Deus da guerra e Deus onipresente e terreno.

Maat

Maat era uma figura divina considerada a deusa da verdade, justiça, moralidade, ordem e harmonia. De acordo com a mitologia, ela era, simultaneamente, mãe, filha e esposa do deus Rá. A retratação da sua imagem era tipicamente uma mulher com uma pena de avestruz na cabeça.

Os mitos egípcios contam que ela era a responsável pela cerimônia da “Pesagem do Coração”, que está descrita no Livro dos Mortos, como um rito ou julgamento para as pessoas mortas para decidir que elas iriam ou não para “a outra vida”.

Nesse julgamento as pessoas deveriam contar todas as ações que realizaram em vida, tudo devia ser confessado à Maat. E não importava a classe social, do mais pobre ao faraó, dependiam do seu veredicto.

Esse julgamento ocorria da seguinte maneira: o coração da alma das pessoas era pesado, caso o coração fosse mais leve que a pluma de Maat, ela tinha permissão para ingressar no paraíso. Caso contrário, o coração era devorado por Ammit, demônio egípcio, e deixaria de existir.

Mut

Não tem como deixar de fora dessa lista dos deuses egípcios Mut, que na língua egípcia significa “mãe”. Filha adotiva de Quespisiquis (deus relacionado a lua), esposa de Amon e mãe de Khonsu.

Mut era vista pelo povo como uma deusa poderosa, venerada como mãe divina, ela desempenhava um papel protetor, seja nesta vida, seja no além, livrando as almas da opressão dos demônios, sendo muito cultuada na cidade de Tebas.

Sua representação física mais usual era de uma mulher com duas coroas na cabeça, que representavam o Alto e o Baixo Egito, mas ela também era retratada com a cabeça ou corpo de um abutre, ou uma vaca.

Posteriormente ela passou a ser associada com Hator, outra figura materna da religião egípcia, representava como uma mulher com rosto e chifres de vaca. Com o tempo a imagem das duas deusas fundiu-se.

Osíris

Osíris é considerado o primeiro faraó egípcio e o mais importante descendente do deus Rá. Esse deus egípcio estava relacionado com a vida no além, dado que ele era o responsável pelo julgamento dos mortos.

O julgamento dos mortos acontecia no Tribunal de Osíris, que junto com a deusa Maat pesava o coração e julgava as ações das pessoas. A esse processo davam o nome de “psicostasia”, que ocorria na “sala das duas verdades”, fazendo de Osíris o deus responsável pelo destino das pessoas.

Por sua relação com o ciclo da morte e renascimento da vida, ele também costumava ser cultuado como o deus da agricultura. Depois do período de colheita, os campos ficavam vazios até que fossem novamente cultivados. Desse modo, Osíris simbolizava o renascimento, a ressurreição, a justiça e a fertilidade.

Osíris era filho de Geb (deus da terra) e de Nut (deusa do céu e matriarca dos deuses), que tiveram outros filhos: Set, deus da guerra, da violência e do caos; Néftis, deusa da morte; e Ísis, deusa do amor, da natureza e da magia. Os irmãos formaram dois casais, Set casou-se com sua irmã Néftis e Osíris com sua irmã Ísis.

Como primeiro faraó do Egito, Osíris era responsável por governar o império antigo, enquanto seu irmão Set ficou responsável pelo deserto, o que causou muita inveja em Set que fez um plano para matá-lo e conseguiu.

Mas sua irmã, Ísis insistiu em procurar seu marido para enterrá-lo com dignidade, receoso Set recuperou o sarcófago que havia atirado ao Nilo e dividiu o corpo do irmão em 14 pedaços, distribuindo suas partes por todo Egito.

Néftis ajuda a irmã a encontrar Osíris, depois que o encontraram, Ísis ressuscita seu esposo. Por isso que a representação de Osíris é de um rei mumificado com a pele esverdeada ou preta, como forma de indicar que está, de fato, morto.

Depois de ressuscitado, ele e Ísis tiveram um filho, Hórus, que vingou a morte do seu pai, assassinando seu tio Set. Então, o poder de governar o Egito é passado para Hórus, ao passo que Osíris fica responsável pelo submundo e pelo julgamento de todos os mortais.

Seth

Como vimos na lenda anterior, Set (ou Seth) é um dos irmãos de Osíris, sendo considerado ele o autor do primeiro assassinato do mundo. Algumas versões consideram que não foi apenas o desejo de reinar o Egito que o motivou a matar Osíris, mas também porque ele haveria engravidado sua esposa Néftis.

As representações desse deus o descreviam como um homem de cabeção de cabeça de cão e cauda bifurcada, aparecendo às vezes como um porco, crocodilo, escorpião ou hipopótamo, mas a representação com a cabeça de um tamanduá é a mais recorrente.

Seth era a divindade responsável por governar o deserto e as tempestades, posteriormente sendo associado ao caos e à escuridão.

Essas associações fizeram com que a popularidade do culto a Osíris crescesse bastante, sendo Seth demonizado e suas imagens retiradas dos templos. Contudo, em algumas regiões do Egito Antigo Set continuou a ser adorado como uma das principais divindades.

Ísis

Provavelmente a mais popular dentre os deuses egípcios, Ísis era uma divindade muito cultuada. Ísis é tida como a deusa da fertilidade, do amor e da magia, ela ficou conhecida como uma deusa extremamente altruísta, generosa, além de piedosa e protetora, sempre disposta a atender as necessidades dos outros.

Ela é comumente representada com corpo humano e asas de águia. De acordo com a mitologia egípcia, Ísis era mãe de Hórus e esposa-irmã de Osíris. Depois de trazer seu marido de volta a vida, Ísis foi responsável por introduzir na noção religiosa o conceito de ressurreição, que influenciou muitas religiões, incluindo o cristianismo.

Hórus

Outra figura muito importante no panteão dos deuses egípcios foi Hórus. Enquanto deus solar, sua imagem foi constantemente associada ao firmamento, representando a luz, o poder e usado como símbolo da realeza.

Antes mesmo do período dinástico, Hórus já era amplamente cultuado, a partir de 2200 a.C., ele passa a ser símbolo do Egito unificado, depois de vencer seu Set numa das batalhas, e o faraó, passa a ser tratado como sua encarnação.

As representações físicas dessa divindade é uma cabeça de falcão com o corpo de homem. Antes mesmo de ser associado a Hórus, o falcão já era adorado pelos egípcios por possuir uma visão muito poderosa

Mas, em algumas representações ele é apresentado com asas de gavião e em sua cabeça um disco solar. Usualmente, na mão esquerda, ele carrega uma chave que simboliza a vida e a morte.

Como vimos anteriormente, Hórus é filho de Ísis e Osíris. Isso foi apenas possível porque sua mãe se tornou um milhafe, uma ave com poderes especiais que tornou possível ela copular com seu marido mumificado.

Quando adulto, Hórus vigou a morte de seu pai travando diversas batalhas com seu tio até que Set foi destronado e morto. Depois dessa vitória, ele se tornou o governante supremo do Egito e responsável pela união entre os reinos do Baixo-Egito e o Alto-Egito.

Rezam as histórias que, em uma das batalhas contra Set, Hórus foi ferido no rosto perdendo a visão de um dos olhos. Desse evento surgiu o credo de que o órgão ferido era, na verdade, a Lua.

Anúbis

A representação do deus Anúbis como chacal, com o símbolo do chicote junto ao seu corpo, vem da associação dos cães e chacais usados para proteger as covas que eram rasas, no período da primeira dinastia egípcia, da ação de saqueadores.

Representado com a cabeça de chacal e corpo de homem, o culto a Anúbis teria começado entre os anos 3100 a.C. e 2686 a.C., na época da primeira dinastia do Egito. Na mão direita ele segura um cetro e na esquerda a chave que representa a vida e a morte.

Algumas versões dos mitos contam que da, suposta, união entre Osíris e Néftis nasceu Anúbis, ficando ele responsável por governar o submundo e organização dos ritos funerários. O primeiro corpo a ser embalsamado por ele foi Osíris, mas existem dissidências se essa mumificação foi depois dele ter sido morto por Set ou quando foi encontrado por Ísis.

Depois que Osíris foi ressuscitado ele tomou o governo do submundo e o julgamento dos mortos. Em respeito ao pai, as histórias contam que Anúbis nunca reclamou o seu antigo posto.

A partir de então, Anúbis ficou responsável por preparar o ritual de morte e embalsamar corpos. Junto com essas responsabilidades outra incumbência era guiar a alma dos mortos, tornando-o conhecido como o deus dos mortos e doentesresponsável por conduzir as almas após a morte. 

Nos rituais, ele possuía sacerdotes que o auxiliavam no processo de embalsamamento dos corpos, esses ajudantes usavam máscaras de chacais. Quando a mumificação estava completa, o coração do morto era entregue a Anúbis, e era passado para o Tribunal de Osíris.

O processo de julgamento, chamado de “pena da verdade”, de acordo com a lenda, diz que caso o coração pesasse mais que a pena, ou seja, um coração cheio de maldade, o órgão era levado para ser devorado por Ammit.

Caso o coração fosse mais leve que a pena, indicando que era uma pessoa repleta de bondade, a alam era guiada por Anúbis até o mundo do além, governado por seu pai, Osíris.

Conhecido na mitologia como o responsável pela criação do mundo, Rá foi o primeiro no panteão dos deuses egípcios. Suas representações são sempre relacionadas com o sol do meio-dia, sendo o obelisco sua insígnia, considerado um raio de sol petrificado.

Apesar das diversas formas que ele tomou na cultura egípcia, a mais comum foi a com face de ave de rapina. Em virtude de suas habilidades de transmutação, ele conseguia transformar-se em outros animais, como um falcão, leão, gato, ou no pássaro Benu.

No norte do país, numa cidade posteriormente nomeada pelos gregos de Heliópolis (cidade do sol), estava localizado o centro do culto a Rá. Lembrando que, essa cidade foi um grande centro comercial do Baixo Egito e os sacerdotes da região tinham muito prestígio, o que levou os faraós de Tebas a adotarem Amon como seu deus supremo.

Daí que surgiu um dos nomes desse deus, da fusão Amon-Rá, considerado o protetor dos faraós. A importância dessa divindade era tal que a legitimidade do poder faraônico estava assentada na crença de que os líderes políticos eram uma encarnação desse deus.

Outra fusão que se tornou bastante conhecida foi a de Rá com Hórus, que podemos observas nas representações associadas ao falcão ou ao gavião. Desse modo, quando era retratado com uma cabeça de falcão, ele assumia uma identidade com Hórus, outro deus solar idolatrado em períodos mais remotos no Egito.

Sekhmet

Sekhmet, conhecida como “A poderosa” filha de Rá, foi retratada como uma figura com cabeça de leoa ou leão e corpo de mulher. Essa representação frequentemente incluía o disco solar, que era símbolo da realeza e da autoridade divina dos faraós.

Ela costuma ser associada com o aspecto destrutivo do sol, que ajudou a destruir os inimigos de Rá e auxiliava os faraós contra seus oponentes. Por isso ela era reconhecida como a deusa da destruição, da guerra e protetora do sol. 

Em alguns contextos Sekhmet também estava associada à medicina e à saúde.

Thoth

Considerado o deus da sabedoria, cura, escrita e magia, sendo associado a todos os tipos de conhecimentos, como no ramo da arte, inclusive a criação dos hieróglifos. Thoth era frequentemente retratado com corpo humano e cabeça de íbis ou de babuíno.

Não existe consenso sobre sua origem, alguns textos dizem que ele pe filho de Rá, enquanto outros, o consideram filho de Set.

Patrono da Lua, Thoth era tido como o deus mais instruído da história antiga e desempenhava o papel de escriba do submundo, mestre das leis físicas e divinas, que mantinha a biblioteca dos deuses.

Ele foi o responsável por escrever os feitiços contidos no “Livro dos Mortos” e “Livro de Thoth”, que contavam os segredos do universo. Além disso, muitos mitos egípcios o apontam como um personagem importante, agindo como um árbitro entre as forças do bem e do mal.

Hator

Frequentemente retratada com o corpo de mulher com cabeça ou cifres de vaca, Hator foi esposa de Hórus e considerada a guardiã das mulheres, que as protegia durante a gravidez e o parto, sendo adorada como deusa da fertilidade e dos amantes apaixonados.

Ela foi muito popular no Egito Antigo, vista como uma divindade sábia, gentil e afetuosa tanto com os vivos como com os mortos, o que a tornou conhecida como a Senhora do Céu, da Terra e do Submundo. Também existem registros que associam essa deusa egípcia à dança e à música.

Néftis

Deusa das terras áridas, dos desertos e da morte, sendo representada como uma divindade com características humanas e capaz de assumir a forma de águia.

Segundo as lendas, Néftis era considerada infértil, mas de seu caso com Osíris nasceu Anúbis, comprovando que Set não poderia ter filhos, causando ira e inveja em Set que acabou matando o próprio irmão.

Com a morte de Osíris, ela se separou de seu esposo e juntou-se à sua irmã Ísis em luto.  

Bastet

Deusa ligada à fertilidade, sexualidade e o parto, considerada protetora das mulheres. Bastet era filha de Rá, também conhecida como a deusa felina, era retratada como um gato ou uma mulher com cabeça de gato, sendo intimamente associada ao gato doméstico.

A adoração a ela frequentemente estava relacionada a sua natureza maternal e protetora, constantemente pintada cercada por gatos. E assim como o animal com a qual era vinculada, acreditava-se que ela era feroz quando necessário, dado que naquele período os gatos eram conhecidos como matadores de cobras, uma das criaturas consideradas mais mortais do antigo Egito.

Curiosidades sobre deuses egípcios

O olho de Hórus

Comumente usada em tatuagens, como um símbolo de poder e proteção, o olho de Hórus, também chamado de Udyat, é um amuleto que fora usado desde os tempos antigos.

De acordo com o que acreditavam os antigos egípcios, o olho era o espelho da alma e quem carregasse esse símbolo estava livre do mau olhado.

Existem duas associações para o olho de Hórus. Uma delas conta que o poder dessa divindade estava distribuído nos dois olhos, o olho direito representaria o Sol, enquanto o esquerdo representaria a Lua. A partir disso criou-se a simbologia a imagem do Sol associada ao poder e a essência, ao passo que a Lua simbolizava a cura.

Outras lendas contam que o olho ganhou destaque depois das batalhas de Hórus com seu tio Set. Em um desses combates, apesar de vencedor, ele perdeu um dos olhos, simbolizando que o bem que venceu o mal. Em razão disso, esse talismã representa a luz, a sorte, a prosperidade, a saúde e a força.

Monoteísmo egípcio

Como vimos ao longo do texto, o panteão dos deuses egípcios era repleto de divindades, sendo que algumas cidades escolhiam alguns deles como patronos principais e realização de cultos específicos, mas sem deixar de lado os outros deuses.

Até que no reinado de Amenófis IV. Este faraó promoveu uma revolução religiosa com o objetivo de reduzir a ampla gama de deuses a uma divindade, Aton, que muitas vezes foi associado a Amon e Amon-Rá, até aquele momento.

Seu empenho foi tanto que ele mudou seu nome para Akhenaton, que significa “espírito de deus” ou “espírito de Aton”. Além disso, houve também uma mudança radical nas estruturas de poder e até mesmo o centro político foi transferido para outra região onde uma nova cidade foi construída.

Isso interferiu diretamente na “religião política”, uma vez que o poder dos sacerdotes estava diretamente vinculado ao culto politeísta e, com a reforma, o faraó passou a ser considerado o principal mediador entre a divindade e os mortais.

Contudo, ao longo do governo de Akhenaton, houveram muitas instabilidades e perdas, tanto políticas como pessoais. Além disso, grande parte do povo não havia concretamente abandonado suas antigas crenças.

Então com a sua morte a ascensão de Tutancamôn ao poder e resgatou os antigos deuses, ritos e estruturas sociais, restaurando a prosperidade do Egito. Depois dele, todos os demais faraós empregaram vigorosos esforços para acabar com todos os registros dessa revolução e do culto a Aton, que passou a ser considerado herege.

Vídeos sobre deuses egípcios

O essencial da Mitologia Egípcia

Ufa! Tivemos muita informação e muitas histórias até aqui. Então vale a pena dar uma revisada nos pontos principais referentes à religião e aos deuses egípcios, neste vídeo você terá um apanhado geral de tudo o que estudamos até agora. Confira!

Mitologia Egípcia: O Essencial - Rá - Anúbis - Hórus - Seth - Osíris - Toth - Foca na História

Ao longo do artigo vimos os mitos de origem da religião do Egito Antigo e o papel dos deuses egípcios nessas histórias. Esse vídeo do canal “Foca na História” nos traz, na íntegra, os principais mitos e ledas do Egito Antigo.

Legados do Egito: Religião Sem Demônios

Este documentário suscita alguns questionamentos sobre nossa visão sobre a religião do Antigo Egito. Muitas vezes, por conta de documentações ou perspectivas resumidas sobre os deuses egípcios podem ocorrer alguns mal-entendidos. Vale a pena refletir em algumas proposições e informações propostas nesse documentário, dê uma espiadinha!

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