Resumo sobre o documentário "Da Servidão Moderna"

Documentário Da Servidão Moderna mostra como estamos vivendo um dos piores tipos de escravidão. Veja um resumo.

Da servidão moderna (2009) é um documentário independente de Jean-François Brient, baseado no livro de mesmo nome. Foi produzido a partir de recortes imagéticos de filmes e outros documentários, cuja montagem e trilha sonora valorizam a seriedade que o texto traz em sua locução.

Brient procura mostrar o momento paradoxal em que estamos vivendo, em que aceitamos um tipo de escravidão velada e escolhemos pagar por nossas próprias “prisões”.

De acordo com o documentário, alimentamos a alienação de nós mesmos, lutamos para manter o trabalho que nos escraviza e que é parte do sistema, que todos os dias drena a nossa energia produtiva. Por isso, Brient fala do “escravo moderno”, trazendo para esta discussão nomes de pensadores importantes como Guy Debord, Karl Marx e Victor Hugo.

O conceito de servidão moderna

Jean-François Brient afirma que a servidão moderna é uma espécie de escravidão por vontade. Ele chama de escravo moderno todo aquele que faz parte do sistema capitalista sem notar que está incluso em uma engrenagem complexa que lucra com o vigor do seu corpo e do seu intelecto e o incentiva a manter funcionando a lógica de consumo que sustenta o sistema.

A servidão moderna, portanto, é este eterno processo alienado e alienante de trabalhar e consumir. E parece que o mais preocupante neste quadro é justamente a ausência de resistência.

Diferente dos pertencentes a antigos e mais diversos sistemas escravocratas da história, o escravo moderno não entende que é um escravo, que é explorado. Ele encontra-se alienado de si mesmo. Como não se revolta, como não luta por sua liberdade, permanece escravo de suas próprias escolhas cegas.

As mercadorias que não precisamos ter

Jean François Brient aborda sobre o poder de compra do “escravo moderno” e de como ele é levado a comprar mercadorias que não precisa, além de se regozijar cada vez que adquire mais uma.

Ele “compra”, ainda, a ilusão de que precisa dessas mercadorias e não percebe que existe uma lógica do capital que cria a necessidade do consumo: “No sistema econômico dominante, já não é mais a demanda que condiciona a oferta, mas a oferta que determina a demanda”. Foi assim com o rádio, a televisão, o computador, diversos eletrodomésticos, aparelhos de celular e outros eletroeletrônicos.

De acordo com Brient, essas mercadorias, ofertadas massivamente, acabam por transformar as dinâmicas das relações humanas, isolando as pessoas umas das outras e ao mesmo tempo instituindo a ideologia do sistema capitalista.

Este consumo desenfreado de muitos é colocado em confronto com a miséria de milhares e com a ideia preponderante de que ninguém se importa com nada disso, ou mesmo não enxerga em tudo isso um problema.

Brient ainda atenta que nossos hábitos consumistas estão matando o planeta, esgotando seus recursos naturais e poluindo a atmosfera, devido à manutenção de diversas indústrias que geram todo tipo de lixo e toxinas no meio ambiente. E parece que essa é mais uma questão com a qual ninguém (ou pouca gente) se importa.

O trabalho que nos escolhe

As tão desejadas mercadorias só podem ser adquiridas mediante pagamento. Portanto, para ter coisas é preciso trabalhar para ganhar dinheiro, o que para Brient significa que as pessoas se vendem para poder comprar coisas.

Desemprego seria uma invenção, um fantasma instituído para assustar as pessoas, para que elas tenham medo de ficar sem dinheiro e façam o que for preciso para se manterem nos seus empregos. E assim, aquele que trabalha se cansa, se desgasta, sofre humilhações e injustiças para poder continuar trabalhando. E é grato por isso, pois o sistema transmite a mensagem de que trabalho dignifica a pessoa.

A mensagem que fica

Jean-François Brient não nos oferece uma solução, mas diz com seu discurso objetivo e triste que existem alternativas a este sistema que nos escraviza e nos mata devagar. Parece importante a ele, antes de mais nada, que tomemos consciência da dimensão do processo alienante a que estamos imersos, pois para se rebelar contra um sistema, é preciso, antes de mais nada, entender o que acontece nos seus meandros.

E é isso que Brient tenta nos mostrar: a “ponta do iceberg” do nosso sistema capitalista e os estragos que ele vem causando não só a espécie humana, mas a um planeta inteiro. Este documentário é um alerta, é um passo que pode ser parte de algo maior, como uma alternativa mais sustentável para todos nós.

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