Socialismo Científico: da origem até os tempos atuais

Entenda as principais características do socialismo científico, socialismo utópico e outros modelos socialistas da história.

“Da análise crítica do modelo capitalista e da cadeia viciosa do explorador-explorado, o socialismo científico foi forjado, enxergando na luta unificada do proletariado o único instrumento capaz de desfazer as amarras da concentração de riquezas e profundas desigualdades sociais instaladas” — Manifesto Comunista.

Um livro pode abalar as estruturas políticas, sociais e econômicas do mundo? O Socialismo Científico, também conhecido por “socialismo marxista” ou simplesmente “marxismo”, prova que sim. Isto porque o modelo político e econômico foi concebido a partir da publicação do livro Manifesto Comunista” (1848), escrito pelos filósofos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895). 

Os dois famosos revolucionários, portanto, não são apenas os fundadores dessa corrente, mas também os principais teóricos difusores do estudo sócio-político-econômico denominado de socialismo científico.

Ao contrário de outras filosofias que propõem pensamentos e teorias subjetivas de possíveis realidades, a corrente do socialismo científico propõe ações concretas e diretas capazes de alterar a organização da sociedade.

Para tanto, os estudiosos se debruçaram para analisar, com extremo rigor científico, as estruturas da produção e exploração do modelo econômico adotado até hoje pelas principais potências: o capitalismo.

Dessa análise, Marx e Engels enxergaram na sociedade capitalista uma ambivalência de estruturas predominantes que dividiram o corpo social basicamente em duas classes.

No topo dessa cadeia reinavam os “exploradores”: ricos proprietários dos meios de produção, fábricas e terras que concentravam as riquezas com o uso de mão de obra barata e má distribuição de renda.

Na base desta pirâmide, por outro lado, padecia a maior parte da sociedade, formada pelos “explorados”. Também chamados de proletários, esses trabalhadores vendiam sua força de trabalho em troca da sobrevivência, proporcionando riqueza e poder à burguesia.

O Manifesto Comunista nasce em meio a esse cenário desproporcional e incongruente, para propor à sociedade uma nova estrutura organizacional e revolucionária, capaz de superar o capitalismo e oferecer um modelo alternativo de economia mais justo e igualitário para todos.

A origem do Socialismo

O modelo de organização socialista desponta dentro do contexto da Primeira Revolução Industrial, entre o fim do século XVIII e a primeira metade do século XIX.

A partir da evolução dos meios de produção e o surgimento do ambiente fabril, o sistema capitalista evoluía de um mero sistema comercial, mantido desde o século XV, para um modelo industrial.

O crescimento populacional avançava na mesma medida da expansão das indústrias. Com a atração de trabalhadores do campo rural para o ambiente urbano, as fábricas passaram a consumir a maior parte da mão de obra nas cidades.

Assim, a sociedade se dividia organicamente entre dois grandes grupos discrepantes: de um lado, o proletariado, formado pelas grandes massas de mão-de-obra, e do outro, a burguesia, que concentrava a maior parte da riqueza produzida.

A segregação social também se refletiu na organização estrutural das cidades, concentrando a classe próspera perto dos grandes centros urbanos e excluindo os trabalhadores para as margens das áreas urbanas, onde predominava a miséria.

Esse novo proletariado, formado basicamente pela mão-de-obra fabril, encontrava-se sob as mais duras condições de trabalho e estavam submetidos a jornadas exaustivas que chegavam a 16 horas de trabalho, sem dias de folga, sem férias, sem limite de idade e sem direito à aposentadoria.

Desde crianças até idosos estavam sujeitos a trabalhar sob péssimas condições de segurança. Expostos a doenças e a acidentes de trabalho, os trabalhadores eram explorados pela ausência de meios legais e jurídicos de proteção.

Foi dentro dessa realidade que se desenvolveram as primeiras teorias de contestação ao capitalismo. Intelectuais passaram a buscar alternativas capazes de melhorar e aprimorar o cenário social. As soluções propostas para mitigar as pungentes desigualdades econômicas e sociais da época ficaram conhecidas, então, como teorias socialistas.

Socialismo utópico

O socialismo, no geral, é erroneamente associado à doutrina marxista, apesar de não ser a única e nem a primeira filosofia socialista da história.

Os primeiros a elaborarem teorias de novas organizações coletivas mais igualitárias foram os pensadores franceses Claude-Henri de Rouvroy (1760-1825) e François Marie Charles Fourier (1772-1837), além do britânico Robert Owen (1771-1858), cujas correntes foram reunidas mais tarde dentro do estudo do Socialismo Utópico.

Esses filósofos criaram modelos idealizados de sociedade que não funcionaram na prática ou nunca saíram do papel, permanecendo dentro da ótica da utopia e, por isso, foram batizados de “socialistas utópicos”.

Entre eles se destaca o filósofo e economista francês Claude-Henri de Rouvroy, mais conhecido por Conde de Saint-Simon, crítico do “tripé de dominação social”, formado basicamente pelo clero, nobreza e militares.

Diferente de outros pensadores socialistas, Saint-Simon não defendia o fim da propriedade privada e nem a revolução como caminho para a reformulação da sociedade.  Além disso, sua teoria defendia uma forte intervenção do Estado sobre a economia.

Charles Fourier, por sua vez, propôs a criação de sociedades comunitárias e independentes, ainda que amalgamadas dentro do espectro capitalista.

Na utopia de Fourier, essas comunidades viveriam isoladas da sociedade, dependeriam do capital privado e não buscariam igualdade absoluta. Nelas haveria incentivo à indústria e, apesar de existir diferença de renda, esses rendimentos não seriam tão destoantes quanto ao do modelo capitalista.

Para Fourier, a construção dessa comunidade ideal deixaria seus cidadãos mais satisfeitos, o que consequentemente levaria ao aumento da produção e economia como um todo.

Robert Owen, assim como Fourier, também idealizou a construção de comunidades independentes, ainda que dentro do sistema capitalista preponderante. Suas comunidades, entretanto, visavam a igualdade absoluta, onde a única hierarquia se baseava na idade e na unidade de troca das horas de trabalho.

Diferente de Fourier, Owen conseguiu colocar sua comunidade em prática. Nela, os empregados eram pagos com altos salários e tinham jornadas de trabalho mais curtas.

Durante crises econômicas, os trabalhadores eram sustentados por Owen e os sócios recebiam um valor limitado de lucros, aplicando o restante dos recursos na melhoria das comunidades.

Conflitos dentro do próprio coletivo e entre seus sócios, entretanto, levaram à derrocada do projeto de Owen, que só funcionava sob sua supervisão.

Dentro desse panorama do socialismo utópico, nota-se que seus principais expoentes consideravam a indústria como o caminho para o desenvolvimento econômico e, com isso, para a melhoria de vida da população.

Há de se considerar que, dentro dos estudos, os socialistas utópicos podem ser considerados mais “passivos” e “pacifistas”, enquanto os socialistas científicos podem ser classificados como mais “ativos” e “radicais”. Se por um lado os utópicos projetavam realidades e estruturas para alcançar uma maior igualdade, o socialismo científico acreditava que a organização mais igualitária só seria plausível através de uma Revolução do Proletariado.

Ademais, a filosofia socialista utópica não questionava nem o Estado, nem as bases que sustentavam o sistema capitalista ou o debate da luta de classes. Para eles, a harmonia na sociedade seria alcançada por meio da conscientização dos burgueses e proletários para um comum acordo de mais igualdade social.

Nisto, os utópicos se diferenciam dos socialistas científicos, uma vez que a doutrina marxista acreditava que o fim do capitalismo seria um passo necessário para atingir uma sociedade mais distributiva.

Karl Marx, inclusive, criticou o socialismo utópico ao expor a ausência de instrumentos e métodos necessários para atingir esses objetivos.

Origem do Socialismo Científico

Em oposição aos utópicos, o socialismo científico propôs — de modo racional e metódico — a análise da estrutura capitalista, bem como a divisão da sociedade por classes. A partir das formulações dessas teorias, fundava-se no ano de 1848, o livro "Manifesto Comunista".

De modo a combater as críticas de Eugène Dühring, que em 1875 publicou uma obra rejeitando completamente as filosofias elaboradas anteriormente, Engels publicou uma série de artigos considerando o caminho dos precursores utópicos.

Além disso, Karl Marx também foi largamente influenciado pelo filósofo germânico Georg Wilhelm Friedrich Hegel. Assim, o socialismo científico fundou suas bases na filosofia alemã, com a concepção do materialismo dialético de Marx, o socialismo utópico francês e a economia política inglesa.

Apesar de Karl Marx e Friedrich Engels reconhecerem os pensadores utópicos pelo seu pioneirismo, eles defenderam de maneira precursora uma ação prática contra o capitalismo, através da organização revolucionária da classe proletária.

Assim, foi fundado o socialismo científico, oferecendo fundamentos teóricos do socialismo e do comunismo, que se transformaram na verdadeira filosofia do proletariado.

O que é o Socialismo Científico

Da análise crítica do modelo capitalista e da cadeia viciosa do explorador-explorado, o socialismo científico foi forjado, enxergando na luta unificada do proletariado o único instrumento capaz de desfazer as amarras da concentração de riquezas e profundas desigualdades sociais instaladas.

Na doutrina marxista, a própria sociedade controlaria a produção e a distribuição dos bens materiais, possibilitando uma divisão de cooperação. Com a socialização dos meios de produção, as fábricas passariam a pertencer à sociedade, sendo controladas pelo Estado.

Além disso, o marxismo defendia a abolição da propriedade privada e a implantação de uma economia planificada. Com a regulação do mercado, o Estado seria o responsável por determinar o valor das mercadorias e salários, de modo a pulverizar as discrepâncias sociais e distribuir poder, bens e riquezas.

A melhoria nas condições sociais dos trabalhadores se concretizaria através da luta de classes, da revolução proletária e da luta armada. Para compreender ainda mais o socialismo científico é possível se debruçar sobre as principais bases teóricas que o compõe, sendo eles: o materialismo histórico, o materialismo dialético, a luta de classes e a teoria do mais-valia.

Bases teóricas do Socialismo Científico

Entenda mais sobre as bases teóricas:

Materialismo Histórico

A teoria de Marx e Engels compreende que todos os movimentos políticos, sociais e intelectuais da história são determinados pelo modelo de produção da vida material.

O resultado dessas produções, por sua vez, condiciona o conjunto das estruturas da vida social, política e cultural, bem como sistemas de valores. Assim, a doutrina entende que a esfera econômica prevalece sobre todas as outras esferas, incluindo a política e social.

Materialismo Dialético

A principal ideia dessa teoria preconiza que todos os processos estão em constante transformação e que não se pode estabelecer um complexo de fenômenos e teorias fixas.

Assim a tese, a antítese, a síntese, o princípio dialético são apresentados assim na doutrina:

Tese x Antítese = Síntese → Tese x Antítese = Síntese... , sendo este um princípio sem fim, em permanente mutação.

Luta de Classes

A doutrina marxista ensina que a luta de classes surgiu da divisão da sociedade capitalista entre os exploradores e explorados. Para Marx e Engels, enquanto predominar o antagonismo entre as classes existirá o confronto social.

Para o socialismo científico, a luta de classes é o único motor capaz de transformar e impulsionar mudanças. Dentro desse contexto, os trabalhadores seriam os verdadeiros promotores das transformações sociais, econômicas e políticas na sociedade.

Mais-Valia

A teoria do Mais-Valia arremata o alicerce do socialismo científico pela comparação do tempo de trabalho, da força deferida e da conseqüente remuneração. De maneira explícita, a teoria escancara a exploração do proletariado (mão-de-obra) sobre o valor dado à mercadoria (produto final).

Essa contradição do montante atribuído ao trabalho e ao trabalhador se revela na incompatibilidade do alto valor da matéria comercializada e a discrepância do valor designado à mão de obra, traduzido em salários irrisórios dos explorados que trabalhavam apenas para sobreviver.

Ou seja, dentro dessa realidade do “valor de troca”, os proletários nunca teriam condições de adquirir o próprio produto produzido e não recebiam os frutos reais de seu trabalho, ficando condicionados à exploração contínua e a perpetuação do rígido sistema, que os excluía da própria riqueza proporcionada aos donos das fábricas.

Revolução Proletária

Apesar do socialismo se apresentar como um modelo econômico e político de organização da sociedade, o socialismo científico de Marx e Engels não propôs um novo modelo. Dentro da própria lógica capitalista, a doutrina encontrou forças sociais capazes de promover as mudanças.

Para tanto, empenharam-se no estudo do próprio capitalismo e das leis que regem esse sistema. As forças que impulsionavam esse tipo de sociedade revelariam as chaves para a transformação revolucionária.

Assim, o marxismo apresenta o embate das classes sociais como consequência da expressão da luta econômica, que avançaria sobre o debate político, até culminar na luta armada. Este processo é chamado de revolução proletária.

Evolução Socialista

Por meio da luta de classe, o socialismo científico propôs o “despertar” dos trabalhadores da situação de explorados. Os filósofos defendiam que a união da força dos trabalhadores seria a engrenagem para a transformação social desejada.

Assim, a doutrina marxista prega que a superação do capitalismo e a construção de uma sociedade justa só seria possível por meio de uma evolução socialista, conduzida pelo próprio proletariado.

A transição entre o capitalismo e o socialismo aconteceria na tomada do poder pelos trabalhadores, que dariam início à ditadura do proletariado.

Após essa conquista, o processo final seria concluído na passagem do socialismo para o comunismo, baseado na estrutura de uma sociedade sem classe, sem propriedade privada, sem donos dos meios de produção e sem Estado.

Socialismo x Comunismo

Apesar dos dois modelos apresentarem perspectivas similares de transformação da sociedade capitalista, como a negação da propriedade privada, as doutrinas designam fases diferentes de um processo evolutivo para o desenvolvimento de uma sociedade progressivamente mais equitativa.

Na fase socialista, os trabalhadores que alcançassem o poder deteriam o controle da produção e da distribuição de bens, e, portanto, ainda carregariam marcas da sociedade capitalista. Somente após a instalação e consolidação segura do socialismo é que aconteceria a subida para o degrau comunista.

Nesse processo gradual do Socialismo para o Comunismo, o Estado deveria desaparecer e o sistema político-econômico se tornaria mundial. O trabalho passaria a ser remunerado segundo as necessidades de cada um, criando uma sociedade completamente plana, sem classes sociais e fronteiras.

O comunismo, diferentemente do socialismo científico, não pode ser relacionado em nenhum sentido à lógica capitalista. Na verdade, a sua instituição suplantaria o próprio modelo capitalista, como um novo modelo sócio-político-econômico.

Fase SocialistaFase Comunista
  • Propriedade estatal e coletiva;
  • Ditadura do proletariado;
  • Estado burocrático.
  • Propriedade social dos meios de produção;
  • Ausência de classes (igualdade social);
  • Desaparecimento do Estado.
“A cada um de acordo com seu trabalho.”“A cada um de acordo com suas necessidades.”

Ainda dentro do contexto socialista, é importante ressaltar também o desenvolvimento de uma terceira vertente que abriga conceitos socialistas dentro do modelo capitalista, chamada de social-democracia.

Como uma reforma ao capitalismo, o socialismo democrático admite intervenções do Estado sobre a economia. Dentre os países que adotam faces dessa organização podemos citar como exemplo, a adoção de programas sociais, que busca regular de forma menos destoante as desigualdades entre as classes, proporcionando melhorias econômicas e sociais para os trabalhadores.

Por fim, o Anarquismo é uma ideologia política que luta contra o capitalismo e se opõe a todo e qualquer tipo de dominação social, econômica e política. Diferente do socialismo científico, os anarquistas não acreditam nas fases de transição para atingir os objetivos e desejam derrotar o sistema através da conquista imediata de uma sociedade livre de Estado e seus exploradores.

Comuna de Paris

Desde o lançamento do Manifesto Comunista, em 1848, o socialismo científico passou a ser fonte de inspiração para diversos movimentos sociais no mundo, principalmente na Europa, onde ocorriam paralelamente os movimentos sindicais dos séculos XIX.

A partir da organização dos grupos, novos partidos políticos surgiram para defender as classes trabalhadoras. Na França, a revolta dos movimentos proletários culminou na chamada Comuna de Paris, a primeira experiência da história na implantação de um governo socialista.

Após a derrota da França na Guerra Franco-Prussiana, em 1871, o historiador Adolphe Thiers assumiu o poder na França, assinando um acordo de paz com o chanceler prussiano Otto Bismarck. A classe operária francesa não aceitou o contrato e se rebelou contra o governo, com o apoio da Guarda Nacional.

Assim, a classe de trabalhadores tomou o poder em Paris, instaurando a comuna parisiense. Durante esse período, o governo elegeu noventa representantes. Cada um de seus membros defendia diferentes vertentes socialistas, dentre elas o socialismo científico.

Além disso, grande parte desses representantes pertencia à Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), também conhecida como Primeira Internacional, ou simplesmente Internacional, por ser tratar da primeira organização de trabalhadores a superar as fronteiras nacionais, reunindo membros das mais diversas correntes da esquerda no mundo.

Entre as principais medidas adotadas pela Comuna de Paris se destacam a fixação de um salário mínimo; a redução das jornadas de trabalho, a autogestão nas fábricas; a criação de um estado laico, separado da igreja; a declaração de igualdade entre homens e mulheres e a instituição de um ensino gratuito para todos.

Após a instauração da comuna parisiense, ocorreram diversas outras tentativas de criação de comunas em todo o país. Para conter o avanço dos movimentos, os governos francês e prussiano se uniram para derrubar os trabalhadores franceses. Chegava ao fim a Comuna de Paris, que durou apenas 72 dias.

União Soviética

Apesar da França ter sido o primeiro país a experimentar na prática o socialismo, através da Comuna de Paris, foi a Rússia a primeira nação a adotar o sistema no século XX.

O regime foi adotado em 1917, quando a revolução do Partido Bolchevique, liderado por Vladimir Lênin derrubou a monarquia czarista e instaurou um governo socialista, baseados nos princípios da doutrina marxistas.

O governo leninista, entretanto, enfrentou forte oposição de setores ligados ao antigo regime, enfrentando uma longa guerra civil no país. Após o fim do confronto, a Rússia abandonou momentaneamente alguns princípios socialistas.

Para se restabelecer economicamente, Lênin instaurou a Nova Política Econômica (NEP), voltando a adotar estruturas do modelo capitalista, com a abertura de pequenas fábricas, diferenças salariais e investimento estrangeiro.

Em 1922, chegava ao poder o revolucionário Josef Stalin, que unificou diversos países europeus à nação, construindo oficialmente a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS). O modelo também é conhecido como socialismo real, por ser considerada a primeira nação a experimentar na prática o modelo socialista.

Durante seu governo, Stalin aboliu o NEP, priorizou o desenvolvimento da indústria, centralizou diversos setores sob o poder do Estado e estabeleceu os planos quinquenais, estabelecendo metas econômicas para serem implantadas em um prazo de cinco anos.

O colapso da URSS começou a partir do fim da década de 1980. O totalitarismo stalinista se desgastava gradualmente ante a  incompatibilidade da globalização e modernização tecnológica que acontecia no mundo.

Em 1985, Mikhail Gorbachev era eleito pelo Partido Comunista Soviético, ficando encarregado de promover as mudanças na estrutura do regime. Era a derrocada do império socialista soviético.

Países Socialistas na atualidade

Mesmo com o desmantelamento de muitas nações socialistas, alguns países ainda mantêm sistemas que adotam políticas de cunho socialista. Os principais são:

Cuba

Cuba é apontando entre os maiores exemplos do socialismo moderno. O modelo econômico-político foi instaurado no país desde a Revolução de 1959, movimento guerrilheiro liderado pelo revolucionário Fidel Castro, que destituiu o ditador Fulgencio Batista do poder.

Apesar de se considerarem socialistas, é possível encontrar na estrutura econômica cubana diversos traços do capitalismo, como a indústria do turismo e o comércio externo, ainda que limitado pelo embargo econômico. 

Além disso, desde o fim de 2015, Cuba protagoniza uma reabertura comercial no mundo através da reaproximação com os Estados Unidos. Ainda assim, o sistema cubano mantém diversos aspectos da ideologia socialista, como a busca pela igualdade e a centralização dos serviços nas mãos do Estado.

China

O socialismo foi implantado na China em 1949, pouco tempo depois do fim da Segunda Guerra Mundial.

O país manteve estreita relação com a URSS até a década de 1960. A partir dos anos 1970, a economia chinesa passou a se abrir para o mercado externo, por meio da adoção de aspectos capitalistas.

O país se define pelo “socialismo de mercado”, sendo socialista politicamente e capitalista no modelo econômico.

Coréia do Norte

A nação norte-coreana surgiu a partir da fragmentação da antiga Coreia em 1948, quando se originaram dois países: a Coréia do Norte, que adotou o sistema socialista e foi apoiada pela antiga URSS, e a Coréia do Sul, capitalista, que tem como aliado os Estados Unidos.

Com uma economia baseada na indústria pesada e na agricultura mecanizada, o sistema coreano é notoriamente conhecido pelo seu rígido controle político. Atualmente, no entanto, o país socialista passou a permitir a venda do excedente das produções e o pequeno lucro do mercado privado.

Essas mudanças, além de outras práticas de mercado, foram adotadas como instrumento de sobrevivência, diante da grande miséria e fome no país. Representantes do governo, entretanto, afirmam que as medidas são momentâneas, enquanto o país não conseguir produzir os bens de consumo necessários. 

Embora esses países se reconheçam como socialistas, há controvérsias sobre o tema. Diversos estudiosos asseguram que o verdadeiro socialismo científico proposto por Karl Marx e Friedrich Engels jamais foi implantado em sua essência.

Exercícios sobre Socialismo Científico

Após o estudo, teste seu conhecimento respondendo as questões a seguir:

1. [UFMG] Todas as alternativas apresentam ideias básicas do Socialismo Científico, EXCETO:

a) a classe operária é a força revolucionária que deve tomar o poder político;
b) a ditadura do proletariado é a fase de transição para se alcançar o comunismo;
c) a evolução histórica é determinada pelo avanço da luta de classes;
d) a sociedade de cada época é determinada pelas condições econômicas;
e) o homem é solidário com seus semelhantes, abrindo mão de quaisquer privilégios.

2. [UFAL] As mudanças trazidas pela Revolução Industrial provocaram novas reflexões sobre a sociedade e seu comportamento. Karl Marx, um dos pensadores marcantes do século XIX, nas suas reflexões:

a) reconhecia a falta de justiça social, devido aos exageros do sistema capitalista que incentivava a exploração das classes desfavorecidas.
b) defendia a necessidade de ampliar a intervenção do Estado na gestão da economia, a fim de pôr fim aos sistemas parlamentares europeus.
c) propunha a luta da sociedade para negar as mudanças sociais, admitindo a volta aos princípios do mercantilismo.
d) restringia, às classes sociais urbanas, os planos de crescimento da sociedade europeia e de uma melhor qualidade de vida.

3. [FGV] O movimento de Owenismo (Robert Owen), no chamado socialismo utópico do século XIX, caracterizou-se por:

a) pretender a conquista do poder imediatamente e através da luta armada.
b) pretender destruir o sistema capitalista, através de sua paralisação por uma greve universal e de duração indeterminada.
c) pretender a criação de comunidades-modelo, a base da cooperação nas quais não haveria a instituição do lucro.
d) pretender chegar ao socialismo, através de barganhas entre a cúpula sindical e os representantes dos patrões, unicamente.
e) sustentar que havia o capitalismo em virtude de os homens terem sido condenados à miséria terrena, sendo o mundo celestial socialista, daí a abdicação de qualquer movimento de rebelião ou greve.

4. [FUVEST] O que ocorreu na União Soviética em decorrência das mudanças sociopolíticas instauradas pela Revolução Russa de 1917?

a) Estatização dos principais meios de produção.
b) Legalização do sistema pluripartidarista.
c) Criação de latifúndios.
d) Igualdade salarial de todos os cidadãos.
e) Eliminação de diferenças culturais e religiosas dos diversos grupos étnicos.

5. [FUVEST] Analise e responda o que se pede:

“Em um país qualquer houve uma revolução que, além de derrubar o governo vigente, implantou um regime autoritário. E a partir daí, neste país, as garantias individuais foram extirpadas e, também, todos os meios de produção foram apropriados pelo governo em nome de uma justiça social que nunca fora alcançada”.

I - Em relação ao governo, o texto faz referência a:

a) democracia  
b) ditadura        
c) anarquia           
d) monarquia

II - O fragmento: os meios de produção foram apropriados pelo governo; significa um processo de:

a) estatização                          
b) privatização                
c) liberação                      
d) evolução

III - O texto trata sobre:

a) socialismo teórico       
b) socialismo real       
c) socialismo utópico       
d) socialismo catastrófico

6. [UFMG] Todas as alternativas apresentam ideias básicas do Socialismo Científico, EXCETO:

  1. a classe operária é a força revolucionária que deve tomar o poder político;
  2. a ditadura do proletariado é a fase de transição para se alcançar o comunismo;
  3.  a evolução histórica é determinada pelo avanço da luta de classes;
  4. a sociedade de cada época é determinada pelas condições econômicas;
  5. o homem é solidário com seus semelhantes, abrindo mão de quaisquer privilégios.

7. [FGV] Dentre os principais teóricos do socialismo científico, podemos destacar:

a) Thomas Morus e Charles Darwin
b) Karl Marx e Josef Stalin 
c) Karl Marx e Friedrich Engels
d) Josef Stalin e Friedrich Engels
e) Josef Stalin e Mikhail Gorbachev

Gabarito de Respostas:

  1. E
  2. A
  3. C
  4. A
  5. B/A/B
  6. E
  7. C

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