Como a recessão pode afetar sua vida, emprego, comida e o lazer

PIB do Brasil caiu 9,7% no segundo semestre, o que indica uma recessão. Saiba como a sua vida será impactada e por quais razões.

Nesta terça-feira (01/09), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caiu 9,7% no segundo semestre. A queda foi histórica e jogou o país oficialmente para a recessão. Mas como a recessão pode afetar sua vida, seu emprego, o prato de comida na sua mesa e o lazer nos finais de semana?

Importância do PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) é um índice que mede a produção de riqueza gerada por um país, seja por meio de serviços ou bens. É um parâmetro utilizado para saber se a economia vai bem ou se há alguma crise. Quando o PIB apresenta sucessiva quedas, como a que está ocorrendo durante a pandemia, quer dizer que estamos sofrendo uma recessão.

Consequentemente, menos empregos são gerados, as pessoas perdem o poder de compra e não conseguem mais consumir da mesma maneira. Cortes acabam sendo feitos para que haja o mínimo para sobreviver.

Queda no consumo

Com a pandemia, o brasileiro passou a consumir menos. De acordo com o IBGE, o consumo das famílias caiu 12,5% no segundo trimestre. Se antes, no supermercado, o cidadão comprava uma carne mais cara e um pedaço de bolo para sobremesa, hoje ele opta por uma carne mais barata e, dependendo da situação, deixa de comprar o bolo.

Em suma, aquilo que é considerado essencial é mantido e o restante é cortado ou reduzido drasticamente. O lazer, por exemplo, se tornou algo mais raro e, se possível, exercido sem que haja custos. Comprar aquele celular novo ou mesmo pedir uma pizza no sábado à noite ficou mais difícil para muitos brasileiros. Alguns não estão nem conseguindo fazer compras no supermercado ou pagar aluguel e as contas de água, luz e gás.

Emprego

Com a queda no consumo, muitas empresas passaram a vender bem menos e tiveram que fechar suas portas. Consequentemente, milhões de brasileiros ficaram sem emprego. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua COVID-19 (PNAD COVID-19), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgou dados sobre a situação econômica do país e demonstrou que o desemprego no Brasil subiu para 13,1% no mês de julho.

Além disso, a pesquisa constatou que, no final do segundo semestre, 47,9% da população brasileira em idade para trabalhar estava devidamente ocupada, sendo a menor taxa de ocupação que a pesquisa já registrou desde que começou a ser realizada.

Nesse sentido, podemos dar um exemplo fictício de uma sorveteria que antes conseguia vender 300 casquinhas de sorvete por dia, mas viu o seu movimento cair drasticamente com a pandemia. Com poucos clientes, a sua produção reduziu e a demanda para comprar os materiais para o sorvete junto aos fornecedores também diminuiu.

Funcionários podem ser demitidos para as contas não fecharem no vermelho e, em casos extremos, a empresa é fechada. Na prática, há um efeito cascata que vai afetando todos os setores e cenários semelhantes ocorrem em todo o Brasil.

Queda na renda

Sem emprego, o brasileiro viu a sua renda diminuir consideravelmente. A classe C acabou sendo a mais afetada, pois o auxílio emergencial conseguiu socorrer temporariamente os integrantes das classes D e E.

Ao mesmo tempo em que o governo conseguiu ajudar as classes mais vulneráveis com os R$ 600,00, um novo problema vem surgindo no horizonte: o que irá ocorrer após o fim do auxílio emergencial? Afinal, 4,4 milhões de brasileiros só tiveram dinheiro por causa do benefício. Pensando nisso, o governo vem trabalhando com a implementação do Renda Brasil, programa de transferência de renda para os mais pobres.

No entanto, muitos economistas apontam que a medida não será suficiente para aquecer a economia e para ajudar brasileiros, como, por exemplo, os que compõem a classe média que não recebem benefícios e dependem exclusivamente de um emprego com um bom salário para sustentar as despesas de suas famílias.

Com recessão, jovens se tornaram mais dependentes

Um outro detalhe que chamou a atenção foi que, com a recessão, houve queda na renda de jovens. Conforme uma pesquisa feita pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), 40% dos jovens perderam toda a renda ou parte dela durante a pandemia provocada pelo novo coronavírus.

A pesquisa indicou que 27% dos entrevistados pararam de trabalhar quando a crise começou. Desses, 7% foram demitidos, sendo que 1% perdeu o trabalho, pois a empresa acabou fechando as portas.

Com os jovens sem dinheiro, suas despesas acabam sendo repassadas aos pais ou responsáveis, apertando ainda mais o orçamento. Se antes o filho conseguia pagar suas contas ou até ajudava os pais com o seu salário, agora ele se tornou mais um dependente, sem perspectivas a curto prazo.

Quando será a recuperação econômica?

Quando será a recuperação econômica? Essa é a pergunta feita por diversos economistas, investidores, grandes e pequenos empresários e que também interessa à população brasileira como um todo.

Grande parte dos especialistas dizem que a recuperação será longa e bem complicada. Algumas estimativas apontam que o país só voltará ao estágio pré-pandemia no ano de 2022. Ou seja, apesar do crescimento esperado para 2021, ainda será necessário mais um tempo para a economia voltar ao ponto de partida.

Por outro lado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, aposta em um cenário bem diferente e otimista. Ele afirma que o país já está se recuperando da queda e que, a partir de agora, a economia se reerguerá em forma de "V", o que quer dizer que será um crescimento rápido após uma grande queda.

Perguntado sobre a queda do PIB do segundo trimestre, ele demonstrou não se preocupar tanto. “Hoje todas as estimativas são de uma queda entre 4% e 5%, ou seja, praticamente a metade do que esse som que está chegando agora de um passado distante”, comentou.

O fato é que a pandemia provocada pelo novo coronavírus trouxe um cenário imprevisível e que nunca ocorreu na história da humanidade. Com o mundo globalizado e países cada vez mais interligados, ficou claro que o problema em um local específico pode afetar todo o planeta, fazendo com que análises para o futuro fiquem muito complexas.

Os próximos acontecimentos dependerão de vários fatores, como ações dos governos, eficácia das vacinas em desenvolvimento, reações do mercado, índices de desemprego, entre outros aspectos. Por isso, é importante ficar atento ao que se passa, pois como foi possível ver ao longo da matéria, sua vida foi, está e continuará sendo afetada.

Carlos Rocha
Redator
Jornalista formado (UFG), atualmente redator no site Concursos no Brasil. Foi roteirista do Canal Fatos Desconhecidos (YouTube) por um ano e meio. Produziu conteúdo de podcast para o Deezer. Fez parte da Rádio Universitária (870AM) por três anos e meio como apresentador no Programa Fanático e como repórter, narrador e comentarista da Equipe Doutores da Bola. Fã de futebol, NFL e ouvinte de podcast.

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